Marcos Machado

A recente operação das forças de segurança pública no Rio de Janeiro, que resultou na morte de mais de uma centena criminosos em confrontos nas favelas, chamadas de “comunidades”, reacendeu o debate sobre o papel do Estado no enfrentamento ao crime organizado e sobre os limites da ação policial. O episódio, descrito por alguns como “profilaxia social”, é defendido por amplos setores da população como resposta necessária à escalada de violência e ao domínio do tráfico em áreas antes esquecidas pelo poder público.
Sob o ponto de vista jurídico, a Constituição garante ao Estado o dever de proteger a vida, a segurança e o patrimônio dos cidadãos. Quando o crime se instala, cabe às autoridades restabelecer a ordem e assegurar o direito de ir e vir, a livre circulação do trabalhador e a tranquilidade da população. Essa atuação estatal encontra respaldo, também, nas Escrituras. A Bíblia orienta a prática da justiça e a defesa dos oprimidos. No livro de Jeremias, capítulo 22, versículo 3, está escrito: “Fazei justiça e retidão; livrai o oprimido das mãos do opressor.” O texto reforça a ideia de que a autoridade legítima deve agir para conter o mal e proteger os inocentes.

Outras passagens, como Ezequiel 45:9, ordenam aos líderes que “removam a violência e a opressão e pratiquem o juízo com retidão”. Há, portanto, respaldo moral e espiritual para que o Estado, por meio de suas forças de segurança, combata o crime e garanta as condições de paz e prosperidade da sociedade.
No Novo Testamento, Jesus ensina a não reagir com ódio ou vingança pessoal, como se lê em Mateus 5:39: “Não resistais ao perverso; se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” A mensagem, porém, não anula o papel do Estado em zelar pela ordem. O que se condena é a retaliação individual e a violência sem propósito. A autoridade, quando age em nome da lei e do bem coletivo, exerce uma função reconhecida até mesmo nas escrituras sagradas como instrumento de justiça.
A operação no Rio representa um duro golpe contra o crime organizado e um passo importante para devolver à cidade um mínimo de estabilidade social. A ação policial sinaliza à população produtiva, composta por trabalhadores, estudantes e comerciantes, entre outros, que o Estado está disposto a recuperar o controle dos territórios e devolver o espaço público ao cidadão de bem. A restauração da ordem é condição básica para que o comércio prospere, o turismo retorne e a convivência pacífica se restabeleça.
O episódio, ainda que polêmico, desperta esperança em uma cidade cansada de conviver com o medo. A reação firme das forças de segurança traduz a busca pela normalidade, pelo direito de viver sem o domínio de facções e milícias. Do ponto de vista bíblico, fazer justiça é agir contra a opressão. Do ponto de vista civil, é garantir ao povo o exercício de seus direitos. Quando esses dois princípios convergem, o resultado é o vislumbre de uma sociedade mais produtiva, pacífica e livre do domínio do mal.
*Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, cientista político ocasional autoproclamado, analista sensorial, enófilo, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira, observador crítico da linguagem e da liberdade


