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quinta-feira, outubro 31, 2024

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Vistos temporários ganham força no setor agrícola dos EUA

O setor agrícola dos Estados Unidos enfrenta uma crise de mão de obra que já dura décadas. Com cada vez menos americanos dispostos a trabalhar no campo, a demanda por trabalhadores estrangeiros vem aumentando consideravelmente. Diversos tipos de visto temporário, como o H-2, têm sido utilizados para suprir essa lacuna, permitindo que trabalhadores de outros países, incluindo brasileiros, ajudem a manter a produção agrícola em pleno funcionamento.

O êxodo de trabalhadores americanos do campo para as cidades nas últimas décadas fez com que o número de pessoas empregadas no setor agrícola diminuísse em 75%, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Para evitar impactos negativos nas safras, as fazendas e cooperativas americanas passaram a contratar trabalhadores estrangeiros de forma crescente. Embora a China e a Índia liderem o número de solicitações de vistos para esse tipo de trabalho, os brasileiros também estão ganhando espaço.

De acordo com Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, diversas categorias de vistos da série H, como o H-2A para trabalho agrícola temporário e o H-2B para outros serviços sazonais, têm sido amplamente utilizados. “Em ambos os casos, os empregadores americanos precisam demonstrar a necessidade da contratação temporária e a falta de trabalhadores locais disponíveis”, revela.

O visto H-2B é particularmente comum no setor agrícola, embora seja também utilizado em outros segmentos, como a indústria da pesca e o paisagismo.

Visto temporário

Segundo o especialista, a sazonalidade é um fator determinante para a aprovação de vistos no setor agrícola. “Mesmo que as colheitas possam ocorrer durante todo o ano, o empregador precisa mostrar que a contratação é temporária e sazonal, o que justifica o uso do visto”, declara.

Além disso, o processo de solicitação desses vistos envolve um patrocínio por parte da empresa ou fazenda, que deve conduzir todo o processo de documentação junto ao consulado americano. “O trabalhador, por sua vez, precisa apenas apresentar seu passaporte e aguardar a entrevista consular”, pontua.

Embora os vistos H-2A e H-2B sejam temporários e de caráter não-imigrante, o H-1B, voltado para profissionais qualificados, também pode ser utilizado em outras áreas como tecnologia e ciência, destacando que as necessidades sazonais variam entre setores. Assim, a busca por vistos para trabalhar nos EUA não se limita ao agrícola.

Estados que mais atraem

Os estados que mais contratam trabalhadores estrangeiros variam de acordo com o setor e a atividade sazonal. “Texas, por exemplo, é o maior contratador de trabalhadores temporários através de vistos da série H, especialmente para construção e paisagismo. No entanto, quando o foco é o setor agrícola, estados como Flórida, Califórnia e Carolina do Norte lideram a contratação de trabalhadores estrangeiros para colheitas sazonais”, relata o advogado.

Cada estado apresenta particularidades em relação à sazonalidade. Na Califórnia, as colheitas ocorrem ao longo de várias temporadas, enquanto em estados com climas mais extremos, como a Carolina do Norte, o trabalho sazonal precisa ser bem planejado para que a colheita ocorra antes da chegada do inverno.

Além disso, estados como Louisiana, onde a indústria da pesca também utiliza o visto H-2B, e Nova York, que emprega trabalhadores para a preparação de terras no degelo e a subsequente colheita, são exemplos de mercados que demandam força de trabalho estrangeira.

Oportunidades

Com a diminuição da força de trabalho local, Toledo acredita que existem oportunidades para brasileiros que desejam trabalhar temporariamente nos Estados Unidos. “É essencial que tanto o empregador quanto o trabalhador cumpram rigorosamente todas as exigências legais, mas, para aqueles que buscam uma experiência temporária, o setor agrícola continua sendo uma das principais portas de entrada”, finaliza.

Lara Comunicação

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