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quinta-feira, dezembro 12, 2024

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Dino desconhece a realidade da segurança pública, adverte Izalci

Ao ser perguntado sobre o reajuste para policiais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, respondeu que “Deus proverá”. A ironia de Dino não caiu bem no parlamento. O senador Izalci Lucas (PSDB/DF) criticou a fala e é o nosso entrevistado.
Como o senhor viu a fala do ministro Flávio Dino?
Vi com muita preocupação. Mostrou não só desconhecimento da situação como também foi desrespeitoso com a categoria e com os cristãos brasileiros. Ele sabe perfeitamente que cabe ao Governo Federal a solução desse problema que há muito se arrasta.
O senhor tem falado não só do reajuste, mas também da recomposição do efetivo. Qual é a real situação?
De acordo com a previsão em Lei, o efetivo da PM no DF deveria ser de 18.673 policiais militares, hoje, a Polícia Militar trabalha com 10.582 policiais, desses, 7.800 estão nas ruas, os demais estão em atividade meio e cerca de 800 afastados por problemas de saúde. Além disso, o trabalho voluntário remunerado daqueles que já estão na reserva não é atrativo porque a tributação em cima do auxílio que recebem é muito alta. Inclusive,  aprovei um projeto no Senado que permite a designação de policiais e bombeiros militares da reserva remunerada para a realização de atividades fins das corporações, em caráter voluntário e temporário, recebendo 30% dos provimentos para voltarem a ativa. Isso aumenta imediatamente o contingente. O projeto aguarda relator na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e está pronto para pauta no Plenário.
E nas demais forças, como está a situação?
Na Polícia Civil, a situação também é bem ruim. De acordo com a lei, deveríamos ter 8.969 servidores, entre delegados, agentes e demais profissionais da área, no entanto na ativa temos apenas 3.864. No Corpo de Bombeiros deveríamos de 9.703, mas contamos apenas com 6.141, sem falar que nesse total temos em todas as forças, policiais que exercem as atividades meio e também os que estão afastados por doenças.
Além da recomposição do efetivo, a categoria pede o reajuste ironizado pelo ministro Dino, certo?
Pois é, o ministro Dino foi infeliz e desrespeitoso, mas também demonstrou total desconhecimento da situação pela qual passam as forças de segurança do DF.
Dizem que no DF os policiais ganham mais que nos outros estados. Isso procede?
Deveriam, uma vez que fazem a segurança dos três poderes, das embaixadas e da população, mas não é assim. Comparados com os demais estados, os policiais Militares ganham bem menos. Veja aí:

Soldado 8° lugar

Cabo 4° lugar

3º Sargento 6º lugar

2º Sargento 5º lugar

1º Sargento 6º lugar

Subtenente 5º lugar

Aspirante a Oficial 6º lugar

2º Tenente 8º lugar

1º Tenente 11º lugar

Capitão 11º lugar

Major 13º lugar

Tenente-coronel 14º lugar

Coronel 19º lugar

De acordo com Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciária – ADPJ, dentre 20 unidades da federação que informaram valores salariais, os delegados de Polícia Civil do DF ocupam o penúltimo lugar em matéria salarial.
No caso dos reajustes já existe o recurso?
Sim, desde 2022 e agora mais ainda, a questão é que o GDF só pode repassar se for aprovado pelo Congresso uma Medida Provisória ou um Projeto de Lei do Executivo.  O ministro Dino, ao que me parece, desconhece totalmente a realidade e aí vai meu recado para ele: Não coloque na mão de Deus aquilo que o homem pode e deve fazer.

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