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sábado, novembro 8, 2025

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Ensino ou adestramento?

*Marcos Machado

Você sabia que quase 20% dos bacharéis em atividade no País são analfabetos funcionais?

“Quando a educação limita a imaginação, chamamos adestramento.” A frase, atribuída a Nikola Tesla, reverbera como uma denúncia contra um modelo de ensino que, em vez de libertar, aprisiona. Longe de ser apenas um aforismo filosófico, a máxima lança luz sobre a realidade brasileira: um sistema escolar que, ao invés de formar cidadãos críticos e criativos, fabrica em escala industrial analfabetos funcionais.

No Brasil, os números confirmam a tragédia. Pesquisas recentes mostram que mais de 70% dos estudantes do ensino médio não conseguem interpretar adequadamente um texto. Essa incapacidade não é fruto do acaso, mas resultado de uma política educacional que, em vez de incentivar a leitura, o raciocínio lógico e a imaginação, reduz o processo de aprendizagem a fórmulas simplificadas e conteúdos esvaziados. O estudante é treinado para repetir, não para pensar.

No livro Quem Matou o Português, eu já havia advertido que a destruição sistemática do idioma nacional é parte de um projeto maior: a desconstrução da capacidade de pensar criticamente. O rebaixamento do ensino da língua, que é a base de toda a construção do conhecimento, não é apenas descuido, mas sim estratégia de dominação cultural. Afinal, um povo incapaz de compreender um texto complexo ou de articular suas ideias com clareza se torna presa fácil de narrativas prontas e de discursos superficiais.

No Brasil, entre três pessoas, uma é analfabeta funcional. Você sabia que o QI do brasileiro está abaixo da média mundial?

Essa “educação-adestramento” não forma pensadores, mas repetidores; não forma cidadãos, mas consumidores; não forma mentes críticas, mas massas dóceis. Trata-se de uma engrenagem que reforça desigualdades e perpetua a dependência intelectual. O resultado é um país que, apesar de gastar bilhões em educação, colhe gerações inteiras com baixo capital cultural e reduzida capacidade de inserção social, ou profissional.

A tragédia não se restringe ao campo da linguagem. A perda da imaginação, entendida aqui como a capacidade de projetar, criar e inovar, atinge diretamente a ciência, a tecnologia e até a política. Um ensino que sufoca a criatividade condena o país a ocupar posição periférica no cenário global, sempre consumidor, raramente produtor de conhecimento.

Ao reduzir a educação a adestramento, o Brasil não apenas compromete o presente de seus jovens, mas hipotecou seu futuro. A advertência de Tesla, reinterpretada à luz da denúncia feita em Quem Matou o Português, é um alerta urgente: sem libertar a imaginação, sem devolver ao ensino a missão de formar sujeitos autônomos e críticos, o destino da nação será sempre a servidão.

*Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, cientista político ocasional autoproclamado, analista sensorial, enófilo, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira, observador crítico da linguagem e da liberdade

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