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quinta-feira, dezembro 12, 2024

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Governadores engrossam o coro pela pacificação no campo

Na semana em que deve ocorrer a leitura do requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar invasões de propriedades privadas no Brasil, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) recebeu governadores e representantes de diversos Estados em reunião ordinária da bancada. A paz no campo foi o ponto principal do debate.

Os governadores Ratinho Júnior (Paraná), Ronaldo Caiado (Goiás) e Mauro Mendes (Mato Grosso), além de representantes dos governos do Piauí, Rio Grande do Sul e Tocantins foram unânimes na cobrança por medidas emergenciais que possam acabar com a insegurança da população rural.

Para o presidente da bancada, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), o problema afeta todo o país e gera ampla preocupação.

“Além dos Estados aqui representados terem características econômicas ligadas à agropecuária, temos a certeza que todos estão dedicados a combater os crimes contra a propriedade privada. Saímos da reunião com uma ideia muito clara, não aceitaremos crimes dessa natureza em pleno 2023”, disse Lupion.

Ele disse ainda que o momento é crucial para a investigação de todos os envolvidos e a apuração das responsabilidades. “Foi uma iniciativa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-PR), falar sobre a leitura dos requerimentos. A FPA estará presente e vamos influenciar na escolha dos membros”, afirmou.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União-GO) reiterou o compromisso do Estado com a segurança da população rural. Segundo ele, o momento que o Brasil vive precisa que os governadores conversem com o Congresso, compartilhando experiências e sugestões. Caiado alertou para que todas as autoridades estejam em alerta no monitoramento dos movimentos que praticam crimes.

“As questões referentes às invasões não vêm de hoje. Os avanços que tivemos em nosso Estado puderam ser vistos hoje aqui, e ficam como possibilidade de implantação para o futuro. Nós não podemos brincar com o avanço dessas facções que invadem e destroem. Precisamos estar preparados”, disse o governador de Goiás.

O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD-PR), afirmou que o Estado combate os crimes com firmeza e destacou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pode rever a portaria que dificulta a reintegração de posse mais acelerada. Segundo ele, durante a pandemia, ocorreu a suspensão das reintegrações e despejo, por conta do Coronavírus.

“Desde 2019 fazemos o trabalho de cumprir a Lei. Já fizemos 109 reintegrações de posse até agora e tivemos uma diminuição gigantesca nas invasões. Isso demonstra, para quem planeja esse crime, que o Paraná não admite essas irregularidades. Existe, porém, a necessidade do CNJ nos dar celeridade para essas reintegrações e encerrar as burocracias”, frisou.

Mauro Mendes (União-MT), governador do Mato Grosso, foi taxativo em dizer que é possível colocar um ponto final na questão das invasões de terras, caso haja um endurecimento das penas. Para ele, o lema deve ser “tolerância zero” para quem comete tais crimes.

“Não podemos ter medo de tomar decisões dessa magnitude. Ninguém concorda com as invasões de propriedades privadas. O país está refém de algumas organizações criminosas, mas isso vai acabar. Felizmente, a FPA tem se mobilizado para que isso aconteça, na luta por aprovar Projetos que aumentam as sanções”, concluiu.

Estiveram presentes à reunião o diretor de Relações Institucionais do Estado do Piauí, Erick Elysio, a secretária-executiva do Rio Grande do Sul, Patrícia Kotlinski e o secretário de Estado da Agricultura e Pecuária do Tocantins, Jaime Café de Sá. Todos foram unânimes em reafirmar o compromisso com a pacificação no campo e a segurança da população rural.

O que dizem os parlamentares

A deputada federal Marussa Boldrin (MDB-GO), afirmou que a FPA, assim como o Estado de Goiás, que ela representa, tem tomado atitudes severas em relação às invasões, e que é apenas o começo. “Não vamos deixar chance para que esse tipo de crime ocorra e com o advento da CPI, vamos aprofundar ainda mais essas punições. É um orgulho fazer parte do lado que se dedica ao sucesso do setor agropecuário e do Brasil”.

O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), autor do Projeto de Lei 1198/2023, que torna a pena de esbulho possessório mais rígida, entende que a atual punição para quem invade é um convite à impunidade. “Peço o apoio da bancada para aprovar o projeto que pede o aumento da pena para crime de invasão. Precisamos aplicar uma lei severa, que faça os invasores pensarem duas vezes antes de agir”.

Nelson Padovani (União-PR) recordou a ida da comitiva brasileira à China nas últimas semanas, com a presença do líder de um dos movimentos, que chegou a anunciar invasões por todo o país. “Quando vejo o Presidente da República viajando com uma pessoa como essa, acaba passando uma imagem péssima para o mundo. Precisamos nos unir em favor do direito de propriedade”.

Marco temporal

A expectativa para o debate do PL 490/2007, que trata do marco temporal para demarcação de terras indígenas, também foi abordada na reunião desta terça-feira. De acordo com o presidente Pedro Lupion, o tema tem tudo a ver com segurança no campo.

“A questão do marco temporal vai nos auxiliar sobremaneira na segurança jurídica que necessitamos. Precisamos estar preparados como bancada, ainda mais com o anúncio da retomada da discussão no Poder Judiciário”, explicou.

Recentemente, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, anunciou que no próximo dia 7 de junho, o julgamento relativo à demarcação de terras indígenas retornará a pauta com o julgamento do Recurso Extraordinário (RE – 1017365), que discute se a data de promulgação da Constituição Federal deve ser adotada como marco temporal para definição da ocupação tradicional da terra por indígenas.

A FPA não é contra o direito indígena. A bancada defende o direito de propriedade e a indenização justa aos proprietários rurais que tenham suas terras demarcadas, além da segurança jurídica como fonte de credibilidade na atração de investimentos e do desenvolvimento brasileiro. Um direito não pode se sobrepor ao outro.

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