Com a disparada dos preços dos alimentos e dos remédios, a inflação oficial fechou abril em 0,43%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) marcou 1,31% em fevereiro e 0,56% em março. O índice é o maior para um mês de abril desde 2023 (0,61%). Em abril de 2024, a variação havia sido de 0,38%..
No período de 12 meses, o IPCA soma 5,53%, o maior desde fevereiro de 2023 (5,6%) e acima da meta do governo. Em março, esse acumulado era de 5,48%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (9), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%.
Desde o início de 2025, a meta é considerada descumprida se ficar seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância. Todos os resultados desde janeiro figuraram acima do teto.
Alimentos e remédios
Dos nove grupos de preços pesquisados pelo IBGE, oito apresentaram aumento de preços, com os maiores pesos exercidos por alimentos e saúde. Juntos, esses dois grupos responderam por 0,34 ponto percentual (p.p.) do IPCA.
– Alimentação e bebidas: 0,82% (0,18 p.p.)
– Habitação: 0,14% (0,02 p.p.)
– Artigos de residência: 0,53% (0,02 p.p.)
– Vestuário: 1,02% (0,05 p.p.)
– Transportes: -0,38% (-0,08 p.p.)
– Saúde e cuidados pessoais: 1,18% (0,16 p.p.)
– Despesas pessoais: 0,54% (0,05 p.p.)
– Educação: 0,05% (0 p.p.)
– Comunicação: 0,69% (0,03 p.p.)
Os alimentos integram o grupo de maior peso no IPCA, por isso. Os produtos que mais puxaram para cima o preço da comida foram:
– batata-inglesa (18,29%)
– tomate (14,32%)
– café moído (4,48%)
Café sobe 80,2%
Em 12 meses, o café apresenta alta de 80,2%, configurando-se a maior variação acumulada desde o início do Plano Real em julho de 1994. O ovo registra alta de 16,74% em doze meses.
De acordo com o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, o índice de difusão – indicador que mostra a proporção de subitens que tiveram aumento de preço no mês – passou de 55% para 70% dos 168 produtos alimentícios pesquisados.
Em todo o IPCA, o índice de difusão ficou em 67% dos 377 subitens apurados – o maior desde dezembro de 2024 (69%).
No grupo saúde e cuidados pessoais, o resultado foi influenciado por produtos farmacêuticos, que subiram 2,32%, por conta do reajuste de medicamentos de até 5,09% autorizado pelo governo a partir de 31 de março.
INPC
O IBGE divulgou também que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,48% em abril.
A diferença entre os dois índices é que o INPC apura a inflação para as famílias com renda de até cinco salários mínimos. O IPCA, para lares com renda de até 40 salários mínimos. Atualmente, o mínimo é de R$ 1.518.
O IBGE confere pesos diferentes aos grupos de preços pesquisados. No INPC, por exemplo, os alimentos representam 25% do índice, mais que no IPCA (21,86%), pois as famílias de menor renda gastam proporcionalmente mais com comida. Na ótica inversa, o preço de passagem de avião pesa menos no INPC do que no IPCA.
O INPC influencia diretamente a vida de muitos brasileiros, pois o acumulado móvel de 12 meses costuma ser utilizado para cálculo do reajuste de salários de diversas categorias ao longo do ano.