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sábado, julho 19, 2025

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Pesquisa comprova: Universidade brasileira forma geração de analfabetos

Marcos Machado

Uma pesquisa recente escancarou um dado alarmante, patético e estarrecedor: um em cada oito brasileiros com ensino superior completo é considerado analfabeto funcional, ou seja, 12,5% dos bacharéis em atividade no país são incapazes de processar informações mais complexas. A constatação é do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), levantamento conduzido pela ONG Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro. Segundo o estudo, praticamente um terço, ou, 29% da população brasileira, de 15 a 64 anos, não domina habilidades de leitura, escrita e matemática, embora a maioria consiga decodificar palavras ou frases simples.

O Inaf divide os níveis de alfabetismo funcional em três grandes categorias: analfabetismo, alfabetismo rudimentar e alfabetismo funcional (básico, intermediário e proficiente). O dado que mais impressiona, no entanto, é a estagnação do índice total de analfabetismo funcional desde 2018, mantendo-se em 29%. O alarmante é que houve crescimento do problema entre os jovens de 15 a 29 anos, que passaram de 14% para 16%. Também chama a atenção o fato de que entre os brasileiros com ensino médio completo, 17% são considerados analfabetos funcionais, o que evidencia uma falência estrutural da educação básica.

As consequências são profundas. A presença de analfabetos funcionais no mercado de trabalho compromete a produtividade e a inovação, pois são pessoas que, embora inseridas no ambiente formal, enfrentam dificuldades para interpretar instruções escritas, analisar gráficos ou resolver problemas simples. No setor produtivo, a situação é crítica: 27% dos trabalhadores se enquadram nessa condição. A pesquisa também aponta disparidades raciais e regionais: o índice entre pessoas negras chega a 30%, e entre indígenas e amarelos, a 47%, contrastando com os 28% registrados entre brancos. No recorte geográfico, o Nordeste lidera com 42% da população funcionalmente analfabeta.

Especialistas apontam que a falta de estrutura e apoio pedagógico aumentou os déficits acumulados desde o ensino fundamental. A evasão escolar e a aprendizagem deficiente impactaram diretamente o desempenho dos universitários, muitos dos quais chegaram ao ensino superior com graves defasagens. O diploma, por si só, não garante proficiência: apenas 61% dos que concluem a graduação atingem os níveis considerados consolidados ou proficientes em leitura e escrita.

O analfabetismo funcional não é apenas uma questão de escolarização, é um problema social que limita o exercício da cidadania, a inclusão produtiva e o acesso pleno à cultura. Se não for enfrentado de forma ampla e coordenada, continuará reproduzindo desigualdades e aprofundando a exclusão de milhões de brasileiros que, embora alfabetizados no papel, permanecem à margem do letramento real.

*Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, cientista político ocasional autoproclamado, analista sensorial, enófilo, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira, observador crítico da linguagem e da liberdade

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