23.5 C
Brasília
quinta-feira, dezembro 12, 2024

ANUNCIE

Amapá e a cidade de Santana são os mais violentos do país

Ray Cunha

Segundo o Anuário da Segurança Pública de 2023, divulgado na quinta-feira (18) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado do Amapá é o mais violento do Brasil e Santana a cidade onde mais se mata. No Amapá, houve 69,9 mortes violentas por cem mil habitantes, três vezes mais do que a média nacional.

Foram 513 mortes, em 2023, um aumento de 39,8% em comparação a 2022. A violência na região explode em Santana, vizinha de Macapá, e em Macapá, a capital. Santana é um porto, rota do narcotráfico internacional.

Por que o Amapá chegou a esse ponto? Até 1943, fazia parte do estado do Pará. Era uma região selvagem. De 1943, até 1990, foi território federal e era administrado e bancado pela União. A partir de 1991, virou estado, e aí a coisa degringolou.

O ex-presidente José Sarney, que quase leva o país ao caos, transferiu seu domicílio eleitoral do Maranhão, onde não se elegeria nem síndico, para o Amapá, e se candidatou ao Senado. Os amapaenses ficaram orgulhosos e elegeram Sarney senador vitalício. Ele só largou o osso porque estava velho e doente, e o Maranhão fica longe do Amapá.

Quando Sarney se elegeu senador e inventou a história da Zona Franca de Macapá, atraiu uma multidão de desesperançados do Maranhão. A população de Macapá e de Santana, que era um bairro de Macapá, cresceu da noite para o dia, amontoando-se no subúrbio, sem emprego e sem perspectiva.

Não deu outra. As facções se organizaram e empregaram parte dessa população no narcotráfico. Aí, a violência tomou conta da grande Macapá, onde escolas são como presídios, cercadas por muros altos. Hoje, Santana, um dos melhores portos da Amazônia, é um entreposto do tráfico internacional de drogas.

Além de ser o estado da federação mais isolado do Brasil, o Amapá não conta com energia elétrica firme. A salvação do estado seria o linhão de Tucuruí, mas os políticos não estão nem aí para isso. O Porto de Santana, que deveria ser federalizado para ontem, é municipal.

Trata-se de um porto com calado para qualquer tipo de navio e é o mais próximo dos mercados dos Estados Unidos, Europa e Ásia (via Canal do Panamá). Localizado à margem do maior rio do mundo, o Amazonas, poderia receber cargas de toda a Amazônia e do Centro-Oeste e despachá-la para o exterior.

Pela sua posição, o Amapá deveria ter um serviço não só portuário, mas também aeroviário, de primeira categoria, pois poderia ligar São Paulo com os Estados Unidos e Europa, principalmente com a França, pois o Setentrião, ou Amapá, faz fronteira com a Guiana Francesa e Macapá é ligada por rodovia com Caiena, a capital da Guiana Francesa.

Macapá tem duas atrações turísticas únicas: fica à margem do maior rio do mundo, o Amazonas, e é seccionada pela Linha Imaginária do Equador. Mas não tem rede de esgoto, assim como Santana, seu serviço de água encanada é ruim (às vezes sai lama das torneiras) e está sujeita a apagões trágicos.

O poder público, não investe? Bem, tem os cabides de emprego, as diárias, a corrupção, o narcotráfico. Para piorar a situação, a velha imprensa e os intelectuais de rabo preso vivem numa bacanal permanente, regada a cerveja bem geladinha, porque o calor lá é abrasador, e picanha.

Depois, ninguém é besta de abrir a boca na Amazônia. Não tem para onde correr. Principalmente no Setentrião. Se correr para o mato, onça, sucuri, ou malária, pega; se correr para o rio, morre afogado, ou papado por jacaré.

Se você, leitor, quiser conhecer a fundo não somente a geopolítica do Amapá, como da Amazônia, leia meu romance ensaístico JAMBU, que pode ser adquirido no Clube de Autores ou na amazon.com.br

relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Fique conectado

667FãsCurtir
756SeguidoresSeguir
338SeguidoresSeguir
- Publicidade -spot_img

Últimos artigos