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quarta-feira, maio 14, 2025

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O diabo dá. Deus manda você suar

*Marcos Machado

“Com o suor do teu rosto comerás o teu pão”, assim diz o livro de Gênesis (3:19), logo após a queda do homem. É uma sentença que não fala propriamente de maldição, mas de dignidade. O trabalho, na tradição judaico-cristã, é apresentado como um dever e um caminho para a realização pessoal. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Tessalonicenses, é ainda mais direto: “Se alguém não quiser trabalhar, também não coma” (2 Tessalonicenses 3:10). Ora, se isso fosse aplicado hoje, algumas filas de benefício minguariam de forma impressionante.

O trabalho dignifica o homem, enquanto a dependência eterna o embrutece. Isso não é mera opinião conservadora ou moralismo de internet. É uma constatação antropológica: viver do suor alheio é insustentável, tanto moral quanto economicamente.

No deserto, o diabo ofereceu a Jesus tudo: pão, poder, segurança. Bastava uma reverência. Uma rendição. Um voto. É curioso como essa cena ecoa em propostas modernas onde o governo promete casa, comida e roupa lavada, desde que você curve a cabeça e entregue sua liberdade. O diabo, como sempre, dá, mas Deus manda você suar.

Platão já dizia que a ociosidade é mãe de todos os vícios, e Aristóteles defendia a virtude como hábito, como ação constante voltada ao bem. Como formar bons hábitos quando o incentivo maior é a dependência institucionalizada, quando o governo paga melhor que o esforço?

Segundo dados de 2024, o Bolsa Família contempla cerca de 20,8 milhões de famílias, o que representa algo em torno de 80 milhões de pessoas, quase 40% da população brasileira. É um volume colossal bancado por aproximadamente 48 milhões de trabalhadores formais, que, além de sustentar suas famílias, sustentam outras duas pessoas que jamais viram na vida.

Sim, o dinheiro do governo tem dono. Tem CPF. Sai do seu bolso, do seu suor. O Estado não gera riqueza; ele a redistribui, muitas vezes de forma perversa, criando não uma rede de proteção, mas uma armadilha de estagnação. Cada novo dependente significa mais verba, mais repasse, mais votos. O assistencialismo crônico virou moeda eleitoral.

O problema não é ajudar os necessitados, é eternizá-los nessa condição.

A frase é cruel, mas verdadeira: quanto mais filhos, mais dinheiro. Quanto menos esforço, mais benefício. A engrenagem perversa do “não fazer nada e receber tudo” se instala. A longo prazo, isso destrói a ética do trabalho e forma uma casta de incapacitados funcionais. Pessoas que não estudam, não aprendem, não produzem, não contribuem e, pior, se sentem no direito de exigir mais.

Enquanto isso, empresários enfrentam dificuldades para preencher vagas, sobretudo no campo. A informalidade cresce, não por necessidade, mas por conveniência. Há quem recuse emprego formal para não perder o benefício. Isso não é combate à pobreza, é subsídio à preguiça.

O filósofo alemão Immanuel Kant dizia: “O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade.” A sabedoria popular brasileira também sintetiza bem: “Deus ajuda quem cedo madruga.” Hoje, madrugar virou castigo para trouxa. Afinal, tem gente que acredita que o “depósito do governo” deveria cair duas vezes por mês.

O problema não é ajudar os necessitados, é eternizá-los nessa condição. O assistencialismo deveria ser ponte, não residência fixa. A verdadeira justiça social está em dar oportunidade de trabalho, não esmola institucional. Um povo que se acostuma a receber sem dar nada em troca, torna-se escravo de sua própria apatia.

O trabalho não é castigo. É bênção. É cumprimento de um mandamento divino. O descanso só é virtuoso quando precedido de esforço, e o pão só tem gosto quando vem do próprio suor.

Se queremos um país com menos pobreza, devemos estimular o trabalho, a educação e a responsabilidade. Criar oportunidades reais, e não ilusões subsidiadas. Porque enquanto o discurso politicamente correto evitar a verdade, continuaremos alimentando uma estrutura de dependência que suga o que resta da dignidade nacional. Afinal, como dizia Thomas Sowell: “O primeiro princípio da economia é a escassez: há pouco de tudo para todos. O primeiro princípio da política é ignorar o primeiro princípio da economia.”

Neste Primeiro de Maio, parabéns aos poucos que ainda trabalham neste País de beneficiários do suor alheio.

Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, cientista político ocasional autoproclamado, analista sensorial, enófilo, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira

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