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quinta-feira, dezembro 12, 2024

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Mãe e empreendedora

Ser mãe e empreender, ao mesmo tempo, pode parecer impossível à primeira vista, mas, contrariando as expectativas, as duas atividades em conjunto podem significar a liberdade do exercício pleno da maternidade e financeira. No caso das mães do Vale do Jequitinhonha, isso pode ir além, trazendo o sentimento do ‘poder’ até então desconhecido de muitas mulheres na região.

Mães muito jovens, muitas precisaram “se virar” para ajudar no sustento da família e foi nessa circunstância que encontraram a inspiração para o empreendedorismo, impulsionado também pelo Governo de Minas. Com a política pública do Projeto Vale do Lítio, conduzida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede-MG), muitos investimentos privados em mineração foram atraídos para a região, movimentando cadeias produtivas, pequenos e grandes negócios e a economia local.

Andreia com a filha / Reprodução

Lítio impulsiona nova realidade

A chegada dos novos atores em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, mudou a realidade de inúmeras mães e mulheres. Uma delas, a da doceira Andreia Gomes da Conceição, 34 anos. Passando por uma fase difícil e com três filhos, em 2020 a mineira, que se tornou mãe aos 16 anos, começou a produzir geleias para vender. A ideia veio a partir do exemplo da avó, que fazia o que ela achava, quando criança, ser “creme” de abacaxi.

O negócio, porém, só deslanchou há pouco mais de um ano, quando conseguiu acesso a crédito por meio de um programa social de uma mineradora da região. “Muita coisa mudou (com o Vale do Lítio). Muitas mães de família que não conseguiam levar o sustento pra casa, hoje conseguem. Eram muitas pessoas desacreditadas, que tinham sonhos travados e, com esses investimentos, hoje têm um olhar diferente. Muitas pessoas voltaram a estudar e veem que podem ir muito além”, destaca Andreia, para quem o projeto social foi um divisor de águas e agora inspiração para o seu primeiro livro.

A secretária-adjunta de Desenvolvimento Econômico e também mãe, Kathleen Garcia, destaca a importância que o Governo de Minas tem em fomentar o empreendedorismo feminino na região.

“O empreendedorismo no Vale do Jequitinhonha vem tomando forma devido à força de mulheres e mães que escolheram lutar diante das dificuldades que sempre existiram em uma região extremamente carente de recursos. Com as ações promovidas por meio do Projeto do Vale do Lítio, a gestão do governador Romeu Zema cumpre a missão de gerar oportunidades para essas mães e mulheres. Oportunidades que tornam sonhos realidade”, afirma Kathleen Garcia.

Maternidade alimenta inspiração

A história de Andreia retrata a de muitas mães empreendedoras não só da região, mas de Minas como um todo, onde 67% abriram o próprio negócio após terem filhos. O dado do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas) chama ainda mais atenção quando aponta que 62% dessas mães tiveram o primeiro filho antes dos 25 anos.

Geralda Aparecida com a filha / Arquivo pessoal

É o caso da microempreendedora e servente escolar Geralda Aparecida de Aguilar, 52 anos. Também de Araçuaí, “Cida” se tornou mãe aos 23 anos e foi personalizando o caderno escolar do filho mais velho que descobriu o caminho do empreendedorismo. “Desde que o meu primeiro filho foi para a escola, eu gostava muito de bordar as capas dos cadernos dele. E assim continuei fazendo com os cadernos das minhas outras duas filhas, além de cartazes para a escola”, lembra.

Especialista em artigos de papelaria personalizados, como cadernos e agendas, sacolas, lembrancinhas para aniversário, além de convites de casamento, Cida viu os negócios começarem a decolar com a chegada de novas empresas no município. “Eu não tinha empolgação, mas, com o Vale do Lítio, as empresas chegaram com tudo. Minhas vendas aumentaram 100%. Já recebi até encomenda de fora do estado e do país. As feiras que são realizadas também possibilitam que a gente conheça outras pessoas. Me sinto extremamente motivada”, conta.

Déborah Constantino, analista técnica do Sebrae Minas na regional Jequitinhonha e Mucuri, explica que as mulheres acabam se tornando empreendedoras após a maternidade muitas vezes por causa da necessidade de conciliar o ser mãe com os afazeres de casa e a busca por uma renda.

Livre pra viver

“Outro fator é a necessidade de liberdade que a mulher precisa ter, e ela busca isso através do empreendedorismo, que acaba servindo como ferramenta de liberdade da mulher. Estando em uma relação abusiva, por exemplo, quando ela tem a renda própria, possui mais recursos para se retirar daquela situação junto com seus filhos”, avalia.

Lislene da Paixão Pereira, de 58 anos, outra moradora de Araçuaí, já tinha o empreendedorismo como paixão desde antes da maternidade, mas o nascimento de seus filhos fortaleceu sua veia empreendedora, juntamente com o desejo de conciliar o trabalho com as atividades de mãe.

“A minha história é uma história de muita batalha e, quando a gente batalha e corre atrás, a gente cresce na vida trabalhando. Sou filha de um pedreiro e uma auxiliar de serviço gerais, e meus pais me criaram trabalhando. É isso que transmito aos meus filhos”, diz.

Como artesã e funcionária pública, Lislene confeccionou o próprio enxoval para receber a primeira filha e os elogios recebidos pelo capricho com o enxoval e pedidos de encomendas foram o incentivo que precisava.

Com o progresso no Vale do Jequitinhonha, o empreendedorismo e o artesanato têm transformado a realidade da artesã e sua família. Ela conseguiu ajudar a filha, agora advogada, a concluir a faculdade de Direito, enquanto seu filho de 17 anos está prestes a se formar.

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