Certo dia, reguladores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em Brasília-DF, receberam uma chamada: alguém estaria se afogando no Lago Paranoá. Uma equipe de atendimento foi, de helicóptero, até o local, mas não havia ocorrência. Era trote, um tipo de ligação recorrente no serviço, que acaba atrapalhando a assistência a quem realmente precisa.
Somente nos primeiros cinco meses deste ano, das cerca de 300 mil ligações recebidas pelo serviço na capital do País, 26.223 eram trotes. A maior parte deles ocorreu em janeiro (6.662), durante as férias escolares. Segundo o Samu, a expectativa é de que, em julho, os números sejam semelhantes.
O Samu utiliza esses argumentos nas orientações dentro do projeto Samuzinho, voltado às crianças. Em boa parte dos casos, a equipe do Samu consegue identificar o trote antes do deslocamento de equipe. “Inicialmente, pelos técnicos auxiliares de regulação médica, quando as informações passadas pelo solicitante não são coerentes, como endereço inconsistente”, diz. “E os próprios médicos conseguem prever, quando há incoerência da queixa clínica, a vítima não se encontra no local e faltam informações sobre o solicitante”, ressalta Alexandre.
Quando esses filtros não são suficientes, a viatura acaba se deslocando para uma ocorrência com vítima inexistente, identificando o trote apenas na chegado ao local. Além de tirar a vez de quem realmente precisa, ainda há o gasto desnecessário do recurso público.
Em todo o ano de 2018, das 903 mil ligações recebidas pelo Samu, 78 mil foram trotes. Entre janeiro e maio daquele ano, foram mil a menos do que no mesmo período de 2019: 25 mil ligações com ‘vítima’ inexistente.
(Com Agência Brasília)