Após quase dez anos de espera, alunos e servidores da Escola Estadual Delfim Moreira, em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, poderão voltar a estudar e trabalhar no prédio histórico da região central do município, nas esquinas da Avenida Rio Branco e Rua Braz Bernardino.
Nessa sexta-feira (24), o governador Romeu Zema e o secretário de Estado de Educação (SEE/MG), Igor de Alvarenga, inauguraram as obras de restauração do espaço Palacete Santa Mafalda, tombado pelo patrimônio histórico.
A restauração foi coordenada pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), com investimentos de mais de R$ 13 milhões pelo Governo de Minas. Durante o período da reforma, os alunos estudaram em um prédio alugado, também situado na região central do município.
Com a entrega das obras, os estudantes serão alocados na unidade reformada nos próximos dias, considerando período necessário para organização dos ambientes, instalação de rede lógica, dentre outros detalhes.
Melhoria dos serviços públicos
Durante coletiva de imprensa, o governador lembrou que as intervenções na escola foram mais que uma simples reforma, mas um trabalho de restauração, preservando as características originais do prédio. “As pessoas que já tiveram a oportunidade de conhecer as novas instalações ficaram impressionadas com a qualidade do serviço”, disse.
Zema reforçou que a gestão austera e o critério com o gasto público têm permitido melhorias como essa da escola Delfim Moreira.
“Somos um governo que existe para atender aos mineiros, e não um governo para distribuir favores. Todos os recursos estão sendo destinados para a melhoria dos serviços públicos”, afirmou.
O secretário Igor de Alvarenga ressaltou, na sequência, que a escola já conta R$ 400 mil em caixa, que deverão ser destinados para os serviços de manutenção. “Em Minas, fazemos questão de tratar a Educação com muito respeito e dignidade. Fazer um trabalho de entregas de qualidade e que fará a diferença no aprendizado é motivo de muito orgulho”, disse.
Para receber os estudantes e servidores, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) também destinou quase R$ 650 mil para a aquisição de mobiliários e equipamentos diversos, para a aquisição de móveis planejados, que se adaptam às necessidades do centenário prédio escolar, além de intervenções de jardinagem e paisagismo.
Os estudantes ainda vão encontrar, no espaço, novos equipamentos de informática. Para isso, foram investidos cerca de R$ 150 mil na renovação do parque tecnológico.
Orgulho e alegria
Impressionada com o novo espaço, a estudante do 1º ano do ensino médio, Maria Eduarda de Almeida Viana, não esperava encontrar a escola totalmente restaurada. “É muito mais do que eu imaginava. Não esperava ser tão maravilhoso como está sendo. É muito motivador para estudar e me dá muito orgulho falar que estudo aqui”, comemorou.
Ela também destacou algumas características da “nova” escola Delfim Moreira. “Quando visitei a escola, percebi que o ambiente passou a ser mais acolhedor, amplo, ventilado, claro e bem iluminado”, descreveu.
A ex-aluna, a professora aposentada Rosalina Maria Mendonça da Fonseca Silveira, finalmente poderá deixar de lado o sentimento de abandono e tristeza, algo que sentia sempre que passava pela porta da escola e via o prédio deteriorado.
“A escola estava caindo e ninguém tomava providência. O governador Romeu Zema foi eleito e assumiu o compromisso de recuperar o prédio. Foi com muita alegria que ontem (23/3), quando passei na porta e não havia tapume cercando a escola, vi um espaço totalmente revitalizado”, afirmou.
Novo espaço
Todos os ambientes estão estruturados com acessibilidade para possibilitar a inclusão, incluindo a criação de um elevador que liga os dois pavimentos e rampas de acesso. Mesmo com essa instalação, as escadas originais foram mantidas, a fim de preservar o patrimônio tombado. Destaque para a biblioteca e sala de informática que chamam a atenção pela amplitude do ambiente.
O palacete possui dois pavimentos com construção em estrutura de madeira e alvenaria de pedra e tijolos maciços. Sua fachada está alinhada com o passeio, com uma única porta de madeira ao centro e cercado por vãos em arco e janelas no modelo de guilhotina. O casarão apresenta elementos clássicos comuns nas construções no Brasil no final do século 19 e início do século 20.
A escola, que é referência em Juiz de Fora, funciona em três turnos e atende estudantes dos anos finais do ensino fundamental, ensino médio, Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) e Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Gil Leonardi / Imprensa MG
Primeiro grupo escolar de Minas Gerais
O Palacete Santa Mafalda, construído no final da década de 1850 pelo comendador Manoel do Vale Amado, como uma homenagem do proprietário rural ao imperador Dom Pedro II, durante sua primeira visita à cidade. Em 1861, o imperador chegou a utilizar o casarão na vida para inauguração da Companhia União Indústria. O espaço também foi palco de assinatura de importantes documentos, além de audiências e cerimônias oficiais.
À época, Dom Pedro II recusou a oferta do comendador para que ficasse com o imóvel de presente, dizendo que só aceitaria se ele fosse doado ao estado para abrigar uma escola ou obra de caridade.
Adquirido futuramente pelo Estado, o palacete foi transformado em 1907 no primeiro grupo escolar de Minas Gerais, função que ocupa até os dias de hoje, como sede oficial da Escola Estadual Delfim Moreira.
No dia 25 de fevereiro de 2023, o palacete completou 116 anos a serviço da educação. O edifício integra o patrimônio de Juiz de Fora desde 1983, quando foi tombado pela municipalidade.