28.5 C
Brasília
sexta-feira, maio 3, 2024

ANUNCIE

Brasília gastronômica, do básico ao sofisticado

A gastronomia é uma forma de manifestação e um reflexo da identidade. Prova disso é que cada região administrativa (bairro) de Brasília-Distrito Federal tem sabores e temperos próprios e a boa culinária vai além do Plano Piloto. Comida gostosa não tem só um endereço – mas tem brasiliense (nascido ou radicado) por trás.

De uma ponta à outra da capital do país, o cardápio de opções gastronômicas é variado. A lista é composta por cafeteria com produtos artesanais da cidade, passando pela comida regional e por pratos autorais, até a tradicional jantinha.

Di Oliveira: “As pessoas estão começando a entender que o empreendedor local precisa da comunidade para crescer” | Foto: Célio Roberto/Divulgação

“Para comer a minha comida tem que viajar mesmo porque você não vai achar nada igual em outro lugar de Brasília. A minha cozinha é autoral. Essa foi a forma que eu encontrei de atrair o cliente. Isso é uma tendência no DF – a criatividade está brotando”, conta a chef Di Oliveira, proprietária do restaurante Brasis, no Lago Oeste.

Desde 2019, a brasiliense recebe clientes de todos os cantos de Brasília no quintal de casa, onde abriu o restaurante. Os comensais saem de suas casas, segundo ela, em busca de uma experiência: o combo comida boa em meio à natureza.

O espaço fica a 30 quilômetros (km) da Rodoviária do Plano Piloto, às margens da Área de Preservação Ambiental (APA) do Planalto Central. A região conta com belezas naturais e é conhecida pela produção orgânica e pelo ecoturismo, além de ter uma comunidade ativa e conectada com o meio ambiente.

Na visão da chef, aos poucos, os moradores das regiões administrativas têm criado apego ao que é de casa. “As pessoas estão começando a entender que o empreendedor local precisa da comunidade para crescer. O movimento é esse: fortalecer o que é nosso”, avalia.

Segundo o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, a qualidade e a diversidade dos serviços gastronômicos oferecidos em Brasília consagraram a capital da República como o terceiro polo gastronômico do país.

Brasília tem esse título “pela qualidade dos restaurantes, pela diversidade da culinária internacional e por ser a cidade onde se encontram as melhores e mais variadas cozinhas regionais de qualquer outra cidade do Brasil. Portanto Brasília, com sua gastronomia, tem muito a contribuir para o turismo federal”, avalia o presidente.

Depois do Plano Piloto, Ceilândia (2.631), Taguatinga (2.413), Samambaia (1.556), Guará (1.552) e Águas Claras (1.377) são as regiões administrativas que reúnem o maior número de hotéis, bares e restaurantes, segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio).

Acordar a cidade

Cheiro de café, ambiente confortável, comida artesanal. O Acorde 27 nasceu, há cinco anos, com o propósito de “acordar” Sobradinho, um bairro chamado de dormitório. A máxima de levar o melhor para perto de casa se estende à qualidade dos produtos e ao cuidado com os ingredientes.

Marcondes Oliveira da Trindade: “A gente tem essa pegada de buscar matérias-primas artesanais, algumas daqui de Sobradinho mesmo” | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

“Nosso cardápio é muito diversificado, pensando em ser completo. Somos um espaço de aconchego, pensando em desacelerar. Temos várias comidinhas ligadas à questão da comida afetiva, referências que são familiares. A gente tem essa pegada de buscar matérias-primas artesanais, algumas daqui de Sobradinho mesmo”, conta um dos proprietários, Marcondes Oliveira da Trindade, 26 anos.

O psicólogo apaixonado por cafés conquistou, este ano, o título de vice-campeão brasileiro de barista, inédito para a capital federal. Em breve, a safra do café premiado também estará disponível aos clientes do café. Além dele, o local tem uma extensa carta de sementes e outras bebidas com a iguaria no menu.

Entre os favoritos, estão o espresso lindão e o frappuccino. De comidinhas, o pão com linguiça todo artesanal e o frangostoso são os mais queridos. Para adoçar o paladar, o cheesecake é considerado um sucesso. A casa atende todos os dias, das 9h às 22h.

Sonho construído em família

Pensando no futuro dos filhos, Manoel Rodrigues Freire preferiu investir num negócio próprio a comprar uma casa própria | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Há 35 anos, o então garçom Manoel Rodrigues Freire, 55, decidiu pegar as economias que tinha juntado com a esposa para adquirir a casa própria e comprar o restaurante em que trabalhava. Nascido em Água Branca, Piauí, as raízes nordestinas garantiram a afinidade necessária com o negócio, o que tornou o espaço um sucesso no Núcleo Bandeirante.

É do restaurante Sabor da Terra que saiu o sustento do casal e dos dois filhos. Anos depois, conseguiram deixar o aluguel. O local se tornou um negócio familiar, onde todos trabalham juntos – tempero que conquista, não só pelo sabor, mas pelo atendimento aconchegante.

“Eu decidi investir o dinheiro porque, na época, meus filhos eram menores. Pensei no futuro deles. Como vou pagar a faculdade? Em vez de comprar a casa para morar, comprei o lugar para trabalhar. No começo era diferente, e aos pouquinhos, a gente foi trocando as coisas, até chegar no que está hoje”, conta.

Aberto de segunda-feira a segunda-feira para o almoço, o local é sem muito luxo, mas com boa comida caseira. Os pratos mais procurados pelos clientes são os tradicionais: buchada de bode, rabada, sarapatel e cabrito ao molho, todos com quatro acompanhamentos, em porções bem-servidas para duas pessoas.

“Aqui o pessoal fala que tem o tempero nordestino de verdade, a gente trabalha com o nosso gosto. O que as pessoas mais procuram é comidinha caseira, o que oferecemos”. Questionado se tem orgulho de ver as mesas cheias, a máscara de proteção facial não esconde o sorriso. “É bom demais ver o nosso esforço dando certo”.

Amor e tradição

Walnise Amorim da Silva Costa serve mais de 16 sabores de espeto, entre carne, queijo coalho e frango e bacon | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

O cheirinho de comida boa toma conta diariamente do Churrasquinho da Wal, na QI 8 do Guará. Com mais de 16 anos de história, o local é comandado pela cozinheira Walnise Amorim da Silva Costa, 54, e serve o melhor da comida brasileira – a jantinha. Composta por espeto de churrasco, arroz, feijão tropeiro, vinagrete e mandioca cozida, a refeição é conhecida pela praticidade e custo-benefício.

O restaurante conta com mais de 16 sabores de espeto, entre carne, queijo coalho e frango e bacon. Outros xodós da clientela são os caldos e a feijoada, sendo que esta é servida sempre às sextas-feiras, além do feijão tropeiro, da galinhada, da maria-isabel e do baião de dois. O funcionamento é diário, no almoço e no jantar.

“É um ambiente familiar em que tudo é feito com carinho. Eu e meus ajudantes, que são todos do Piauí, sabemos fazer comida boa e caprichamos para entregar tudo bem saboroso”, avalia Wal, que é do município piauiense Buriti dos Lopes. Ela chegou a Brasília há mais de três décadas, junto com o marido. Aqui, teve dois filhos e iniciou o empreendimento no ramo alimentício.

“Cheguei e fui trabalhar em supermercado, depois em farmácia. Aí comecei a vender marmitex, até poder abrir meu negócio na minha própria casa. É uma grande conquista para mim. Eu morava de aluguel e hoje essa casa é minha”, relembra ela, que, com dois anos de empreendimento, perdeu o esposo. “Foi difícil, mas continuamos. Fui a primeira pessoa dessa rua a abrir um negócio. E estou muito feliz em ver que está dando certo até hoje”, conclui.

(Com Agência Brasília, reeditado)

relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Fique conectado

667FãsCurtir
756SeguidoresSeguir
338SeguidoresSeguir
- Publicidade -spot_img

Últimos artigos