Renato Riella
Em 2022, nós compomos uma humanidade que não se deixa abater por perplexidades. No Brasil, mais do que nunca, vivemos esta assustadora realidade.
São tantas coisas estratosféricas, que as clínicas psiquiátricas deveriam estar lotadas. A depressão deveria explodir – e, quem sabe, os casos de suicídio.
Mas a gente, não! A gente é fogo! A gente é f…!
Bravamente, aceitamos um índice de inflação oficial de 12%, quando tudo subiu muito mais. Vimos que combustíveis diversos explodiram de 20% a 40%, e até a vilã vermelhinha, a cenoura, dizem que chegou a crescer 800% nos seus preços de ouro.
Enquanto isso, um e outro expert nos garantia que a guerra Rússia x Ucrânia iria acabar logo. Hoje, nenhum craque dos palpites furados consegue dizer se a briga vai acabar em julho ou em 2030.
Por causa disso, o petróleo Brent (que a gente nem sabia da existência) ultrapassou a faixa de US$ 120.
Ah! Mas temos também uma pandemia. Sim – e parece interminável. As vacinas passaram a ter validade trimestral e talvez estejamos entrando na quarta onda (ou seria a quinta). Ninguém sabe merda nenhuma.
A chamada ciência está mais escondida do que técnico que perde campeonato. Os chamados virologistas deram no pé.
De repente, a dengue cresceu 500% neste ano. Ninguém consegue explicar porque a doença andou sumidinha nos dois anos da pandemia de covid.
Aedes e coronavírus fizeram pacto de não-agressão?
O mosquito seguiu a dica do Mandetta e também ficou em casa nos dois anos do destrutivo lockdown?
Para completar, vem aí a varíola dos macacos, mas fiquem tranquilos. Agora a gente entende mais de pandemia do que de futebol. Vamos tirar de letra.
Nem tudo é notícia ruim. Dizem que o desemprego no Brasil caiu para perto de 10%, o melhor resultado desde 2015.
É fácil de acreditar nisso. Tão fácil quanto podemos confiar nas pesquisas eleitorais, que batem resultados discrepantes todo dia. Data-chute daqui e dali!
Na dura realidade, vemos Bolsonaro lotando ruas em todas as regiões brasileiras e Lula fugindo dos ambientes públicos, mas todas as avaliações dos “institutos” indicam que o petista pode ganhar no primeiro turno. Virou um Fla-Flu de previsões improváveis.
Outro fenômeno são os juros acima de 12% ao ano, com a missão de baixar a inflação na porrada. Como?
Sabemos que o aumento dos preços vem de causas estruturais, que abalam os combustíveis e a energia, sem ligação com as taxas de juros. Será que o Banco Central sabe o que está fazendo?
À beira da loucura, a gente passa a entender de guerra, pandemia, economia – e até esquece do futebol.
Haverá uma Copa do Mundo das Arábias, mas ninguém acredita na Seleção – mesmo ganhando de 5×1 (“Foi da Coreia do Sul, que nem tem bomba atômica!”)
Especialistas (sempre eles) acham que a equipe Canarinha não passa das quartas de final…um fracasso anunciado.
Mas como perder, se temos Vine (novo Rei), Neymar, Alisson (melhor goleiro do mundo), etc?
Você, pobre coitado, não se deixe abalar.
Aprenda a analisar os índices e as previsões.
A todo momento, tire suas próprias médias, suas próprias medidas – com forte espírito crítico.
Não confie em cientistas, analistas, especialistas, epidemiologistas, economistas e benzedeiras.
Todos eles estão jogando a gente em intermináveis balões de ensaio…e nem pedem desculpa quando tudo dá errado.
Só resta esperar 2023, quando teremos todas as surpresas.
Quais? Quais? Quais?