Ray Cunha
Pombo, quando caminha, lembra-me pato, meneando o pescoço, mas aqueles 13 pombos lembravam urubu. Onze deles disputavam carniça de um cadáver que parecia um feto. O décimo segundo pombo, já bastante descorado e sem um dedo da pata esquerda, rodopiava em torno dos outros, eriçando as penas e tentando montá-los. O décimo terceiro pombo estava escondido.
Vi isso na Praça dos Três Poderes. Será um agouro? Pombo é o símbolo mundial da paz, da pureza, inocência, amor, esperança, mas também é rato de asas, pois abriga, no seu corpo, diversos parasitas. A Praça dos Três Poderes, a Rodoviária do Plano Piloto, o shopping Conjunto Nacional estão infestados deles.
Outro dia, eu aguardava uber na ala norte do Conjunto Nacional quando um pombo pousou na cabeça de um senhor, ele deu um sopapo no pombo, que pousou na cabeça da mulher que estava com o senhor, ela também deu uma mãozada nele, aí o bicho pousou na calçada. Estava com o pescoço pelado e meio lerdo.
Na Rodoviária do Plano Piloto há duas lojas de caldo de cana com pastel, a Pastelaria Viçosa. Já vi pombo tentando pousar no ombro de frequentadores delas tentando participar do pastel que estavam comendo. Há locais, tanto na Rodoviária quanto no Conjunto Nacional, arriscado para se ficar, pois pode-se levar cocô de pombo na cabeça ou na roupa.
O Columba livia são domesticados desde a Mesopotâmia, em 4.500 a.C. Foi introduzido na América em 1606, oriundo da Europa. Adaptou-se às cidades, onde se abriga em edifícios, casas e estátuas. Não tem predador, reproduz-se rapidamente, em qualquer época do ano, e vive 15 anos.
Os pombos silvestres têm as penas limpas, mas os da cidade, com o tempo, vão ficando feios, sujos, enegrecidos e com as patinhas aleijadas. Os pombos que servem de alimento são de criatório e certificados.
O décimo segundo pombo da Praça dos Três Poderes lembrava um pato manco, por causa do dedo que lhe faltava. Seus olhos estavam injetados de sangue e ele soltava um som rouco, ciscando e arrepiando as penas para cima dos onze pombos que pareciam urubus, porque disputavam carniça de um corpo que parecia um feto, mas um feto de nove meses.
O décimo terceiro pombo era todinho Grigori Yefimovich Raspútin, o mago negro da Rússia. Não pousara, junto com os outros, mas pairava sobre a Praça dos Três Poderes. Como é 31 de dezembro, tive a impressão de que aguardavam o réveillon. Falar nisso, faltam 20 dias para a posse de Donald Trump.
Sou natural de Macapá. Trata-se de uma cidade fácil de a encontrarmos no mapa, pois é seccionada pela Linha Imaginária do Equador e banhada na margem esquerda pelo Canal do Norte do maior rio do mundo, o Amazonas, no estado mais setentrional da costa brasileira, o Amapá.
Sou escritor. Romancista, contista, cronista, poeta e jornalista. Parte da minha literatura é ambientada no Amapá, e na Amazônia. Se você sente curiosidade sobre o Amapá, e a Amazônia, e quiser conhecer a região, há vários livros meus que mergulham nesse universo. Não sou conhecido em Macapá porque sou conservador e a cidade está tomada por progressistas. Assim, fui pregado na lista negra da academia (universidade) e da mídia comunistas.
Os comunistas estão às voltas com seu maior problema: a internet, e a coisa vai ficar mais feia a partir de 20 de janeiro. Vai ficar columbina.
Feliz 2025, com paz, amor, saúde, prosperidade, sucesso total! Muito obrigado!
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