Um dispositivo inédito, fácil e acessível, que testa a qualidade da água que consumimos em casa. Um programa de computador que pode auxiliar o poder público e a população no monitoramento e na prevenção de desastres climáticos. Uma estufa para cultivar plantas desenvolvida a partir da carcaça de um computador. E um protótipo de robô que retira o lixo dos oceanos. Esses são alguns dos projetos que serão apresentados durante a 15ª edição do Festival Marista de Robótica (FMR), que acontece no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, nos dias 9 e 10 de novembro. Cerca de dois mil estudantes brasileiros e estrangeiros, de escolas públicas e privadas, participam do evento, que será o maior da história do FMR. A expectativa é de que 10 mil visitantes circulem pelo prédio 41 da PUCRS, que este ano vai oferecer uma estrutura mais ampla e robusta aos participantes. Com o tema H2O: Essência da Vida, o Festival faz um convite à reflexão sobre a importância da água em nossas vidas e em todo o planeta. É um alerta para a necessidade de cuidar e preservar a água, adotando práticas sustentáveis e responsáveis, e apoiando iniciativas que garantam o acesso universal à água potável e à preservação de recursos hídricos. Durante os dois dias de evento, estudantes da Educação Infantil ao Ensino Médio de 73 instituições irão demonstrar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. “O FMR se propõe a ser um espaço de construção, de descobertas e de incentivo à criatividade, e uma oportunidade para crianças, adolescentes e jovens exercitarem o empreendedorismo e o espírito de equipe”, ressalta Guilherme Bilhalva, coordenador do Festival. Possibilitar e incentivar o protagonismo juvenil, o pensamento colaborativo e a resolução de problemas também estão entre os objetivos da competição. O Festival Marista de Robótica é dividido em quatro modalidades: Cidade Laboratório, Desafio de Drones, Incubando Ideias e Desafio de Robôs. Cada estudante participa de uma modalidade, de acordo com sua faixa etária. As atividades são desenvolvidas em equipe, com o auxílio dos educadores e ao longo do ano letivo. A apresentação dos projetos, no Centro de Eventos da PUCRS, é o ápice. As equipes vencedoras, em cada modalidade, recebem troféus e medalhas por destaques em missões e o grande prêmio pela melhor performance no todo. O FMR é aberto ao público e não há cobrança de ingresso. Os estudantes inscritos também participam de forma gratuita. Confira no link a programação completa do evento. Um “robô” que limpa os oceanos |
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O protótipo foi desenvolvido por crianças de cinco e seis anos e demonstra a preocupação delas com o futuro do ecossistema (Foto: Natália Wingen | Colégio Marista Rosário) |
O título que resume o projeto impressiona e surpreende ainda mais quando descobrimos a idade dos seus idealizadores: crianças de cinco e seis anos, do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre/RS. A iniciativa surgiu a partir de uma atividade em sala de aula que envolvia o funcionamento de canos e conexões. “Um estudante questionou como a água chegava limpa na nossa casa. Depois, surgiu a questão das águas poluídas e uma das principais preocupações dos estudantes ficou em torno dos impactos que o lixo está provocando nos animais marinhos”, relembra a professora regente da Educação Infantil, Márcia Vettorazzi Gabrieli. As crianças, então, pensaram em estratégias que auxiliassem na preservação da vida marinha. De forma lúdica e através de maquetes, elas montaram dois aquários: um ilustrando “O futuro que temos”, com animais fictícios dividindo o espaço com o lixo descartado pelo homem, e outro ilustrando “O futuro que queremos”, com a vida marinha vivendo em um ambiente limpo e saudável. Na visão dos estudantes, o segundo cenário só é possível se as pessoas se conscientizarem sobre a importância da preservação dos ecossistemas aquáticos. Caso essa reeducação falhe, entra em cena o protótipo de robô que remove o lixo dos oceanos, feito de sucatas. O projeto “Cuidando do nosso oceano: o futuro que queremos” faz parte da modalidade Cidade Laboratório, na qual participam alunos do nível 3 da Educação Infantil ao 8º ano do Ensino Fundamental. Este é o segundo ano que os estudantes da Educação Infantil participam do Festival Marista de Robótica – a iniciação das crianças no evento aconteceu em 2022. Estufa caseira para plantas As Grow Boxes, ou estufas caseiras para o cultivo de plantas, são desenvolvidas por profissionais da área de eletrônica e facilitam a vida de quem não possui um ambiente natural adequado para o cultivo de plantas de pequeno porte. Mas você sabe como transformar uma carcaça de computador em uma estufa com iluminação, temperatura e umidade monitoradas através de um aplicativo? Os estudantes do Ensino Fundamental do Colégio Rosário, da capital gaúcha, têm a resposta. Apresentado na edição de 2022 do Festival Marista de Robótica, o projeto GrowBox passou por um aprimoramento e está inscrito novamente no evento deste ano, na modalidade Incubando Ideias. Nela, participam alunos do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. “A iniciativa da GrowBox surgiu através de uma provocação de professores da Educação Infantil, pois os alunos não tinham um lugar propício para fazer o cultivo de alimentos, como o tomate cereja. O local era úmido e escuro, então os tomates morriam”, explica o estudante João Albuquerque, de 14 anos, do 8º ano do Ensino Fundamental do Rosário. O projeto, então, foi tomando forma e hoje conta com uma plataforma digital, desenvolvida pelos alunos, que monitora o desenvolvimento da planta e auxilia na tomada de decisões. “Ver essa evolução dos estudantes mostra o quanto vale a pena investir em projetos de longo prazo na escola. Se a gente for ver a quantidade de coisas que os estudantes aplicaram nesse projeto: tem a parte elétrica, de monitoramento, programação, a parte de botânica, de mecânica, o reaproveitamento de sucata, são muitas competências sendo desenvolvidas em um único projeto”, comemora o professor Lucas Martins, instrutor de Robótica do Colégio Marista Rosário. Desafio de Drones e Robôs Além das modalidades Cidade Laboratório e Incubando Ideias, o Festival Marista de Robótica abrange ainda as categorias Desafio de Drones e Desafio de Robôs, ambas direcionadas a estudantes do 4º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. O Desafio de Drones exige dos competidores o cumprimento de missões aéreas com temas determinados e que são realizadas em uma arena ampla, protegida por tela. Além da pontuação específica de cada missão, o menor tempo do trajeto e a melhor estratégia também são critérios para definir os vencedores. No Desafio dos Robôs, os alunos são desafiados a construírem robôs distintos, elaborar pesquisa e projetos em cenários diversificados. Sobre o Festival O Festival de Robótica foi lançado em 2008 e reúne, anualmente, estudantes Maristas e de instituições educacionais externas que se encontram para vivenciar desafios e pesquisas que envolvem a Robótica Educacional, a Aprendizagem Criativa, a Codificação e o Empreendedorismo. Com um tema diferente a cada ano, o evento tem por objetivo auxiliar e potencializar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes. |