*Priscila Freire de Oliveira
Durante muito tempo, o trabalho esteve associado ao conceito de sacrifício. Longas jornadas, horas extras constantes e metas exaustivas eram vistas como normais e até mesmo necessárias para o sucesso profissional. Contudo, a nova geração de profissionais trouxe mudanças profundas a esse paradigma. Os jovens hoje buscam não apenas realização financeira, mas também satisfação pessoal, equilíbrio e qualidade de vida.
Como gestora, percebo claramente essa mudança no comportamento profissional dos mais jovens. Se, por um lado, é desafiador lidar com expectativas tão diferentes das gerações anteriores, por outro, acredito que essa transformação seja fundamental e positiva. A geração atual é mais consciente sobre a importância da saúde mental e física, buscando trabalhos que valorizem esses aspectos e proporcionem tempo livre para descanso e lazer.
Nós, gestores e líderes, precisamos aprender com essa mudança cultural. Não se trata apenas de adaptar processos internos, mas sim de repensar completamente nossa abordagem de gestão e liderança. Precisamos encontrar formas de motivar equipes respeitando limites pessoais e priorizando a saúde integral do colaborador. Essa é uma geração que entende claramente que a produtividade não está atrelada às horas trabalhadas, mas sim à qualidade do trabalho entregue.
Reconhecer a importância desse movimento é crucial. Muitos profissionais da minha geração (hoje com 35 anos ou mais) cresceram sob a pressão do trabalho excessivo, resultando em quadros preocupantes de burnout e adoecimento mental. Em contrapartida, a geração atual é mais assertiva em exigir ambientes saudáveis, horários mais flexíveis e maior respeito às suas individualidades e limitações.
Em minha experiência pessoal como gestora, tenho constatado que equipes mais satisfeitas, respeitadas em sua saúde física e emocional, entregam resultados de melhor qualidade. O desafio que enfrentamos, portanto, não é apenas gerenciar pessoas, mas criar ambientes profissionais sustentáveis, onde cada um possa se sentir valorizado e, ao mesmo tempo, produtivo.
Cabe a nós gestores, então, aprender com a chamada “geração saúde” e sermos agentes ativos dessa mudança positiva nas organizações, contribuindo para um futuro em que trabalho e bem-estar caminhem lado a lado.
*Priscila Freire de Oliveira é Especialista em Gestão de Projetos, Escritora, Pesquisadora, Jornalista(IESB) e Gestora de Marketing