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quinta-feira, outubro 31, 2024

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Cresce o número de ataques de animais peçonhentos em Brasília

O número de ocorrências registradas de picadas por animais peçonhentos em Brasília-Distrito Federal, em 2023, chegou a 3.359, um aumento de 23,4% frente a 2022. Cerca de 81,9% dos casos foram provocados por escorpiões, seguidos por abelhas (5%), aranhas (3,9%), cobras (3,2%) e lagartas (2,6%). Não foi possível determinar o animal causador em 3,4% das ocorrências. Apesar do número de casos, não foi registrado nenhum óbito entre moradores de Brasília. Os dados constam no boletim epidemiológico publicado pela Secretaria de Saúde (SES-DF) com os números consolidados de 2023.

Foto: Humberto Leite/Agência Saúde-DF
No DF, são frequentemente encontrados o escorpião amarelo (Tityus serrulatus), escorpião com patas rajadas (Tityus fasciolatus) e o escorpião preto (Bothriurus araguayae) | Foto: Humberto Leite/Agência Saúde-DF

De acordo com a diretora de Vigilância Ambiental (Dival) da pasta, Kênia Cristina de Oliveira, é importante destacar o número de unidades da SES-DF abastecidas com os soros antivenenos, além da oferta de tratamento de emergência contra alergias. “Ter a descentralização de soros que permite o tratamento imediato é determinante para evitar óbitos”, afirma. Mais de 45% dos casos tiveram atendimento em menos de uma hora e 71,1% em menos de três.

Um óbito, contudo, foi registrado. Trata-se de um morador de um município goiano, que procurou assistência médica passadas 24 horas após a mordida de uma cobra e encaminhado ao atendimento na capital federal. “Um dos fatores associados à gravidade é o tempo em que a pessoa procura a assistência. O paciente, infelizmente, chegou muito tarde”, conta a enfermeira Geila Márcia Meneguessi, que atua na área de Vigilância Epidemiológica.

Em caso de ser atacado, a orientação é lavar o local com bastante água e sabão, manter o membro mordido elevado e procurar atendimento médico imediatamente. É indicado também retirar acessórios como anéis, fitas amarradas ou calçados apertados. Em hipótese alguma deve-se fazer torniquete ou garrote, muito menos furar, cortar ou aplicar qualquer tipo de substância ou tentar sugar o veneno. Por fim, os profissionais orientam a, se for possível, capturar o animal e levá-lo junto ou, pelo menos, saber descrever detalhes como cor, tamanho e mesmo o tipo de animal.

As ações de Vigilância Ambiental envolvem a busca ativa de animais e recomendações para evitar acidentes, além de atendimento | Foto: Tony Winston/Agência Saúde-DF

O Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estão disponíveis para este tipo de ocorrência pelos números 193 e 192, respectivamente. O Centro de Informações Toxicológicas (Ciatox) de Brasília atende pelos telefones 0800 644 6774 e 0800 722 6001.

Adultos são maioria

Com menor peso corporal, o público infantil é alvo de maior preocupação em casos do tipo. Ao longo de 2023, 69 acidentes com animais peçonhentos registrados em Brasília foram classificados como graves, sendo 34 em crianças de até dez anos de idade. Quase todas precisam realizar terapia com soro. A soroterapia doi necessária para 334 pessoas.

Apesar da potencial gravidade, estes casos são exceção: 82,2% das ocorrências (3.140) foram classificadas como leves. Os adultos em idade de trabalho são as principais vítimas – 61,4% dos acidentes ocorreram com pessoas de 20 a 59 anos. As crianças com nove anos ou menos foram 12,3% e os acima dos 60 anos responderam por 11,7%. Outros 14,6% dos casos envolveram crianças e adolescentes de dez a 19 anos. Há uma leve predominância feminina: 52,4% das picadas.

De acordo com Meneguessi, juntamente com o fato de 34,6% das picadas terem sido nas mãos, isso indica que a maior parte dos acidentes ocorrem quando adultos estão mexendo em entulhos, folhas, áreas escuras e outros lugares dentro de casa ou no trabalho onde os animais peçonhentos costumam se esconder. “As pessoas estão mais suscetíveis dentro das casas, das residências e terrenos próximos”, explica a enfermeira.

Embora Planaltina e Brazlândia sejam as regiões administrativas (bairros) com maior número de casos, 3.196 acidentes (89,8%) ocorreram em área urbana.

Prevenção

A limpeza e a organização de jardins, quintais e outros espaços abertos é fundamental na prevenção contra diversos tipos de animais peçonhentos. Porém, a diretora da Dival ressalta a importância de isso ser feito com cautela. “Os cuidados com a retirada de entulhos são muito importantes, protegendo mãos, braços e pés com luvas de couro e botas”, explica. Ações que também precisam ser lembradas na hora de mexer em redes de esgoto ou mesmo em dutos de passagem de cabos telefônicos ou de energia. “Os escorpiões ficam alojados em ambientes úmidos e escuros, e podem acessar as residências por conectores dessas redes, como tomadas, ralos e redes elétricas”, completa Oliveira.

A presença de baratas no ambiente pode atrair escorpiões e aranhas, seus predadores naturais, enquanto ratos são atrativos para cobras. É importante combater essas infestações, mas, quando houver dedetização, é fundamental vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, rodapés e vão das portas. Isso porque o processo provoca deslocamento dos animais, sejam eles peçonhentos ou não, facilitando o encontro com seres humanos. O período de chuvas fortes também pode favorecer a ocorrência de acidentes.

É recomendável observar ainda calçados, roupas, toalhas, roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los.

Vigilância ambiental

Os núcleos de Vigilância Ambiental da SES-DF também atuam na prevenção de acidentes. Ao longo de 2023, foram 2.781 atendimentos em residências, escolas, creches, unidades de saúde e instituições de longa permanência. O número também representa um acréscimo frente ao trabalho desenvolvido em 2022, quando ocorreram 2.038 assistências.

*Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)

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