Luciano Lima
Tem que ter muita paciência para assistir! O filme “Ó Paí, Ó 2” exarceba os discursos ideológicos, até com certa grosseria e agressividade, que transformam o “branco inimigo do preto” e a “polícia inimiga da população”. É um filme que tem um discurso claro de “dividir “, de “separar”. O roteiro e a argumentação são confusos e cansativos.Os filmes podem sim levar mensagens importantes para a sociedade, mas diante de tanta divisão e intolerância, se esqueceram que cinema é também entretenimento. “Ó Paí, Ó 2” é pesado! Enfim, um ativismo chato e nada inteligente!
Eu, particularmente, sou fã do ator Lázaro Ramos, que interpreta o personagem “Roque”. A primeira película que assisti dele foi “Madame Satã”, em 2002, e, sem nenhum exagero, saí do cinema achando que ele merecia ganhar um Oscar. Foi fantástico! Lázaro deu um show de interpretação no filme. E assim seguiu com excelentes interpretações em “O Homem Que Copiava” e “Carandiru”.
Enfim, o filme “Ó Paí, Ó 2” foi tão ruim que até os maravilhosos, engraçados e caricatos personagens “Neuzão” (Tânia Toko), Yolanda (Luiz Drisson), Reginaldo (Érico Brás) e a Dona Joana (Luciana Souza) perderam o brilho e o charme. O cinema em que estava, com minha esposa Mônica, na última quinta-feira (30), no Park Shopping, tinha 11 pessoas e cinco foram embora na metade do filme
Sou um apaixonado por cinema nacional e senti falta do primeiro “Ó Paí, Ó”, que me fez rir do início ao fim. Era um filme mais leve, engraçado, natural e levantava bandeiras sem ser chato. Foi um filme que retratou naturalmente o cotidiano de moradores do Pelourinho, com todas as suas alegrias e mazelas.
Aliás, este semestre não foi muito bom para os lançamentos do cinema nacional. Os longas “Mussum, o Filmis” e “Nosso Sonho – A História de Claudinho e Buchecha”, tão esperados, deixaram muito a desejar e ambos foram fracassos de bilheteria. Mussum e Claudinho & Buchecha mereciam melhores roteiros e direção de fotografia, por exemplo.
(texto do jornalista, radialista e historiador Luciano Lima)
