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O Cerrado não vai sobreviver apenas com reuniões e passeios de helicóptero

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Luciano Lima

O grave incêndio que aconteceu domingo (15) no Parque Nacional de Brasília mostra a inércia e a falta de uma ação concreta para combater as queimadas no Distrito Federal e em todo o Brasil.

São muitas reuniões e passeios de helicóptero. Enquanto isso, o Cerrado chora e enfrenta um dos momentos mais críticos em muitas décadas.

O que fazer para combater a destruição dos nossos biomas, em especial do Cerrado? Por que não investir em monitoramento e fiscalização? Por que não usar a alta tecnologia disponível em favor do meio ambiente? O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) está precisando urgentemente de mais agentes ambientais. Onde está o Ministério Público, que de repente ficou em silêncio?

O Brasil tem diversos órgãos ambientais federais, estaduais e municipais, mas a única proposta do governo federal até agora foi de criar uma nova estatal chamada “Autoridade Climática”. Será que até agora, com quase dois anos de governo, tem “companheiros” sem cargo? É inadmissível!

Fato é que o Cerrado agoniza. Um dos biomas mais importantes do Brasil, e do mundo, não tem uma legislação protetiva. A caixa d’água do Brasil também sofre com o crescimento desordenado das cidades e com a grilagem de terra. O Cerrado não vai suportar, por muito mais tempo, os incêndios criminosos e a covardia dos incendiários.

No Distrito Federal, o Parque Nacional de Brasília, a Floresta Nacional, o Parque Ecológico Ezechias Heringer, o Parque Ecológico Veredinha, o Parque Ecológico do Tororó, entre outros, não tem suas poligonais respeitadas e protegidas devidamente pelos órgãos ambientais.

O Cerrado não vai conseguir sobreviver a conveniências políticas. Há décadas, a devastação do bioma, que é responsável por boa parte da água que é consumida em todo o Brasil, cresce ano após ano. O desenvolvimento da economia e das cidades não pode servir de desculpas para acelerar a extinção de espécies da fauna e da flora que são únicas e a destruição da qualidade de vida de milhões de brasileiros.

Finalizo o texto deixando o meu mais profundo carinho e admiração para as dezenas de grupos de Trekking (ou caminhada) e de Mountain Bike do DF e de vários estados. Sem a ajuda desses grupos, o estado de “decomposição” do Cerrado estaria muito mais avançado.

*Luciano Lima é historiador, jornalista, radialista e idealizador da rede social “Amigos do Parque do Guará”

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