Marcos Machado
Era uma vez, em um reino não tão tão distante, um monarca de nome Luiz que governava com a leveza de um elefante em uma loja de cristais. Seu talento para gastar o dinheiro do povo era inquestionável, e sua capacidade de ignorar qualquer sinal de crise econômica era, sem dúvida, lendária.
Os cofres do reino eram como um poço sem fundo, mas o fundo já havia sumido há tempos. Para manter o luxo da corte e sustentar suas excentricidades, o rei exigia cada vez mais tributos da plebe, que, por algum motivo inexplicável, insistia em querer comida na mesa e condições dignas de vida. Quanta audácia!
A rainha, uma mulher de gostos extravagantes, sem talento para as prendas domésticas, ou seja, não era uma dona de casa, mas era dada a festas e gastança desenfreada com o dinheiro do povo, e não se deixava abalar por problemas mundanos como fome ou miséria. Seu talento para gastar era proporcional ao seu desprezo por qualquer princípio de austeridade. Afinal, por que cortar despesas quando se pode simplesmente pedir mais dinheiro ao povo? Prioridades são prioridades.
Enquanto isso, qualquer voz que ousasse questionar a sabedoria da monarquia era rapidamente silenciada. Prender opositores? Uma tradição! A liberdade de expressão, nesse reino, era tão valorizada quanto uma moeda falsa.
Como sabemos, toda história tem um desfecho. O povo, cansado de tanto desmando, resolveu tomar o destino em suas próprias mãos. O resto, como dizem, virou história.
“se não têm picanha, que comam abóbora!”
Calma, pessoal! Antes que alguém se exalte, estamos apenas relembrando os eventos do reinado de Luís XVI e Maria Antonieta, lá na França do século XVIII, contados pelos “golpistas” de esquerda, porque a história é a versão dos vencedores. Qualquer semelhança com outros reinos, especialmente os mais tropicais, é pura coincidência… Ou seria um déjà vu histórico?
Brioches
Apenas como correção da narrativa histórica, Maria Antonieta não era nada disso, foi apenas uma mentirinha “revolucionária”, como a gente já está acostumado por aqui. Na verdade, ela se preocupava com a situação de penúria do povo francês e jamais disse a frase a ela atribuída “se não têm pão, que comam brioches”. Aliás, seria pouco provável que ela mandasse que comessem brioches, talvez croissants.
Hoje, Maria Antonieta teria dito, atualizando a lenda, “se não têm picanha, que comam abóbora!”.
Aliás, croissant não tem “a” na pronúncia como muita gente gosta de pôr. O saudoso Caco Antibes (Miguel Falabella) já explicava que pobre adora acrescentar letra onde não tem. Também, não é uma iguaria de origem francesa, mas austríaca. Maria Antonieta a introduziu no menu quando saiu da Áustria para se casar com o Luiz.
Enfim, história é só história, ou versão.
Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, analista sensorial, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira