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A falta que faz uma melhor educação financeira no Brasil

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Leonardo Fernandes*

No Brasil, a educação financeira ainda é uma lacuna significativa, diferentemente de países desenvolvidos como os Estados Unidos, onde é comum que uma criança receba uma carteira de ações como presente. Esta diferença cultural reflete diretamente no uso de serviços bancários e investimentos. Segundo o Ipea, em 2011, 39,5% dos brasileiros, o equivalente a 53 milhões de pessoas, não possuíam conta em banco.

Mesmo com o avanço da digitalização intensificado pela pandemia, ainda existem 34 milhões de brasileiros sem conta bancária ou que a usam com pouca frequência. Dados do Instituto Locomotiva, referentes a janeiro de 2021, mostram que 10% dos brasileiros não tinham conta em banco (16,3 milhões), enquanto outros 11% (17,7 milhões) não movimentaram a conta no mês anterior, totalizando 21% da população sem conta em banco ou com pouco uso. Um ano antes, esta parcela era de 29% do total.

A boa notícia é que esses números vêm melhorando, em grande parte devido ao crescimento de profissionais como assessores de investimento, bancos digitais, influenciadores do mercado financeiro e projetos de educação financeira nas escolas. Em 2023, o Brasil atingiu um recorde histórico de mais de 1,2 bilhão de contas bancárias ativas, uma expansão de 14,2% em relação ao ano anterior. Cada brasileiro tem, em média, seis contas, um número que há cinco anos era menos de três. Quase 90% da população possui vínculo bancário.

Um projeto do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) propõe incluir a administração financeira nos currículos da educação básica da rede de ensino do país, o que proporcionaria aos estudantes uma base sólida de conhecimentos financeiros. A importância dessa evolução é clara, pois o volume financeiro no Brasil aumenta ano após ano. Em setembro de 2023, os investimentos dos brasileiros somaram R$ 5,5 trilhões, um aumento de 9,7% em comparação com o ano anterior.

Apesar dessas melhorias, acredito que o envolvimento dos brasileiros com investimentos ainda é tímido. A caderneta de poupança continua sendo o principal investimento do brasileiro. Em 2023, 25% da população total investia no instrumento. Considerando apenas a população investidora, esse percentual é de 68%. Em comparação, apenas 2,7% da população brasileira investe em ações na bolsa de valores, um número ínfimo frente aos 58% da população norte-americana que aplica em ações.

Além disso, a Anbima revelou dados preocupantes: 22 milhões de brasileiros fazem apostas esportivas, uma proporção de seis apostadores para cada investidor de ações. É fundamental a diversificação nos investimentos para mitigar riscos e alcançar resultados consistentes. A administração financeira deve ser incluída nos currículos escolares. Grandes instituições financeiras e nós, profissionais do mercado, devemos nos empenhar ainda mais em levar educação financeira à população.

A necessidade de uma educação financeira robusta é urgente no Brasil. Além disso, a promoção da educação financeira por meio de programas corporativos, iniciativas governamentais e o trabalho de profissionais do setor pode criar uma cultura de investimento consciente e responsável.

* Especialista no Mercado Financeiro e head da Blue3 Investimentos.

ASSESSORIA DE IMPRENSA – LEONARDO FERNANDES

Proativa Comunicação

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