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domingo, julho 7, 2024

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“Vou apertar, mas não vou acender agora”

*Luciano Lima 
O STF, que mais uma vez extrapola suas prerrogativas constitucionais, reiniciou o debate sobre a liberação de maconha para uso pessoal e, logo após a leitura do voto do ministro Dias Toffoli, suspendeu a apreciação da pauta. Fazendo uma analogia sarcástica da decisão de suspender com um trecho da música do saudoso sambista Bezerra da Silva, cheguei à seguinte conclusão: “Vou apertar, mas não vou acender agora”.
A leitura do voto de Dias Toffoli foi um show de horrores, de argumentos pobres, parciais e total desconhecimento da realidade do país. O ex-advogado do Partido dos Trabalhadores (PT), que foi catapultado ao cargo de ministro da mais alta corte da justiça brasileira, chegou a dizer que um dos argumentos para a liberação seria que pessoas pretas sofrem tratamento diferenciado na abordagem policial e insinuou que a descriminalização poderia acabar com o racismo. Acredite!
Toffoli me fez chegar à conclusão de que o Brasil não está preparado para enfrentar as possíveis consequências em caso de descriminalização da maconha para consumo próprio.
Há muitas experiências de países que descriminalizaram o uso da maconha e não tiveram resultados positivos, principalmente no campo da saúde e segurança pública. São dados e números que não podem ser ignorados.
Além disso, a liberação do uso da maconha vai causar uma verdadeira guerra no comércio da droga e pode gerar muita violência na disputa entre as facções criminosas por sua fabricação. Será que ninguém parou para pensar nisso? É quase inacreditável!
Sejamos sinceros: alguém, em sã consciência, não acredita que vai haver aumento nas tensões pelo controle dos pontos de drogas?
Definitivamente, a descriminalização do uso da maconha para uso pessoal é uma bomba armada para explodir a qualquer momento em um país com tantos problemas sociais, poder público moroso e ineficiente, educação capenga, que tem dificuldade na implantação e na sustenção de políticas públicas e que não entende que boas ações são de estado, ou seja, ficam para sempre, e não de governo. Resumindo: um provincianismo assustador.
O Brasil, sem a esdrúxula proposta de liberação de droga para consumo pessoal, já tem milhões de viciados e com os centros de várias grandes cidades transformados em “zumbisodrómos” e nunca se preocupou em incluir nos ensinos públicos e privados a prevenção ao uso de drogas para mostrar os riscos e reduzir danos.
Então, ficam algumas perguntas: por que arriscar em algo que tem tudo para dar errado? Será que existem motivos ideológicos por trás de todo esse debate sem sentido? Por que apostar na insegurança, na degradação e na alienação de milhões de pessoas?
Fato é que uma pessoa em situação de drogadição fica muito mais vulnerável e facilita o domínio do Estado sobre sua vida.
*Luciano Lima é historiador, jornalista e radialista

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