* Rosalvi Monteagudo
A recessão global é uma questão a ser resolvida, pois o problema socioeconômico ficou acentuado nesta crise consequente da pandemia, e a economia solidária; novas regras podem auxiliar. A recuperação global vai ser intensa e demorada, pois houve maior estrago na economia e no emprego, com a tendência a gerar informalidade e pobreza na saída da epidemia, sendo indispensável gerar trabalho em cooperação econômica. O neoliberalismo na atual conjuntura não vai solucionar o problema do desemprego nem do capital e o neocooperativismo pode ser um meio de recuperação e uma solução para o momento por organizar o socioeconômico.
As regras dos princípios cooperativistas podem ser adaptadas ao que existe efetivamente nesta época de pandemia, pois o que muda é a realidade, os problemas práticos e as soluções satisfatórias devem se tornar como o feito na organização cooperativa.
O cooperativismo antagônico ao liberalismo que apareceu num ambiente de “Revolução Industrial”, e, com uma postura em que anula a precedente, reagiu ao capitalismo individualista, em que o trabalho artesanal foi substituído pela máquina a vapor, gerando desemprego e distúrbios sociais. O lema de liberdade, fraternidade e igualdade imperava e os tecelões de Rochdale, respeitando a liberdade individual, conduziram à adesão livre, à fraternidade social e à igualdade econômica, organizando-as para determinar a sua sobrevivência e se organizar pela cooperação, o socioeconômico.
Somente assim poder-se-á concretizar a maneira de perceber determinadas situações, como a dos 28 tecelões de Rochdale, que anteciparam toda a grandiosidade deste futuro da cooperação. Para tanto, basta adequar a sua doutrina da cooperação, e continuar sua ação, pois o cooperativismo necessita sofrer modificações, pois mudaram as circunstâncias.
A doutrina econômica da cooperação é produto da comunicação social e de uma solidariedade que mais do que nunca está presente, bastando adaptar as regras de seus princípios a esta nova época, através do controle democrático cuja reformulação é para se organizar o social pela geração de trabalhos.
Sendo um movimento sempre forte e atual, não deixou de ser usado como meio de implantação de comunismo, ou da organização do capitalismo, inspirando a intervenção estatal nas tentativas de ordenar o mercado econômico interno, visando gerar empregos. Sem dúvida, o neocooperativismo, pela simplicidade de sua organização econômica e social, é de fácil assimilação global.
Na doutrina econômica da cooperação, coletar as necessidades, os interesses e as reivindicações, para se atender imparcialmente os cooperadores/donos de baixo para cima, organizando-as através da moderna tecnologia da informação, ferramenta hoje básica para o desenvolvimento e a solidariedade econômica. Esta é feita pela compartilha dos recursos econômico-financeiros, através da cooperação pelo capital particular do cooperador/dono numa união de interesses entre grupos.
Embora já existisse a solidariedade social, porém, falta que se organizem a solidariedade econômica. Nesta moderna tecnologia, além de se organizar e se interligar as informações, atendem-nas e as desenvolvem, em busca da verdadeira evolução social e a solidariedade econômica é a contribuição financeira de um pelo outro com respeito e transparência.
Todos unidos e em busca da solidariedade socioeconômica, preocupados com a cooperação e a ajuda mútua. A fórmula do neocooperativismo gera Patrões Autônomos administrados em autogestão, que são capazes de organizar entre si o desenvolvimento social, em que todos são donos e usuários do capital.
Na iempresa organiza-se o social para se obter a cooperação econômica, gerando-se a autonomia financeira. A organização técnica representa um agente para a empresa social pela organização da economia em benefício do social, orientando-se para uma vida melhor pela educação, criando-se a heterogeneidade de forma evolutiva e humana através do desenvolvimento, pelo treinamento na especialização.
A solidariedade econômica pode vir do neocooperativismo pela prática de novas regras que permite a cooperação econômica que incentiva a compartilha pela mútua ação de colaborar um com o outro para construção de um mundo mais justo.
A solidariedade não é só ajudar mais contribuir com a formação de uma sociedade com justiça, trabalho e capital. É preciso organizar o capital para ajudar num momento difícil e partilhar uns com os outros em cooperação econômica para gerar trabalho, para um bom funcionamento de qualquer sociedade. A solidariedade é uma ação que pode mudar o mundo.
** Rosalvi Monteagudo é contista, pesquisadora, professora, bibliotecária, assistente agropecuária, funcionária pública aposentada e articulista na internet.
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