Marcos Machado
O filme Top Gun: Maverick, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Joseph Kosinski, é um espetáculo cinematográfico que combina ação eletrizante, drama intenso e uma dose de nostalgia. No entanto, para além das impressionantes sequências de voo e da maestria técnica, o filme carrega uma crítica sutil, porém oportuna, às estruturas hierárquicas e à cultura militar.
Entre manobras arriscadas e treinamentos rigorosos, há um subtexto que questiona a real competência de muitos que alcançam altas patentes dentro das forças armadas. A trajetória do protagonista, o capitão Pete “Maverick” Mitchell, é um reflexo desse dilema: mesmo sendo um piloto excepcional, ele se vê constantemente desafiado não pela sua capacidade técnica, mas pela estrutura rígida e, muitas vezes, disfuncional da hierarquia militar. O fato de não ser promovido a postos de comando, por exemplo, sugere que a ascensão na carreira militar nem sempre é sinônimo de mérito ou habilidade, mas muitas vezes um jogo de política e conveniência.
Quem se lembra daquele general que puxou cadeia por ter colado na prova? Apesar da flagrante incompetência e desvio de caráter…
a covardia pode se manifestar de diferentes formas dentro da hierarquia militar
O filme ilustra como a vaidade e a arrogância podem estar presentes em cargos de liderança, muitas vezes se sobrepondo à real competência. A postura de certos oficiais superiores evidencia que a autoridade não está necessariamente atrelada à capacidade de tomar decisões eficazes sob pressão. Em diversas cenas, Maverick se vê questionado por superiores que, mesmo em posições estratégicas, demonstram insegurança e falta de preparo para lidar com situações críticas. São meros burocratas de farda.
A obra também sugere que a covardia pode se manifestar de diferentes formas dentro da hierarquia militar. Enquanto Maverick encara missões perigosas e se dispõe a treinar seus alunos para enfrentarem desafios extremos, alguns de seus superiores preferem evitar riscos, tomando decisões baseadas em medo ou interesses políticos, em vez de focarem no que é realmente necessário para o sucesso da missão.
Top Gun: Maverick vai além de ser um mero blockbuster de ação. Ele expõe, nas entrelinhas, as falhas de um sistema que nem sempre premia os mais capacitados, mas que frequentemente eleva aqueles que mais bem jogam com a burocracia, a bajulação e os interesses do sistema. O filme, ao mesmo tempo que enaltece a bravura dos pilotos de elite, questiona se os líderes que deveriam guiá-los estão realmente à altura da responsabilidade que carregam. No fim, um capitão resolveu o problema.
Qualquer semelhança não é mera coincidência.
Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, analista sensorial, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira