O Governo de São Paulo apresentou no início da tarde dessa terça-feira (6) o balanço preliminar da Operação Salus et Dignitas, realizada no centro de São Paulo para desarticular a logística do crime organizado em diferentes pontos da região. O governador Tarcísio de Freitas, em coletiva no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), destacou o trabalho integrado entre as forças de segurança do Estado, órgãos das esferas municipal e federal, além do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual.
“É um trabalho exaustivo para tentar abordar a questão do crime organizado no centro de São Paulo de forma diferente. Nessa operação, atacamos o ecossistema do crime que alimenta o tráfico de drogas. O objetivo era uma abordagem abrangente, integral, que desmantelasse sistemas de monitoramento e comunicação desses criminosos”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas.
“A ação de hoje é uma grande cooperação entre o Ministério Público do Estado de São Paulo, Receita Federal, Polícia Rodoviária Federal, Anatel e muitos outros que atuaram para desarticular diversos pontos de apoio do PCC, afetando diretamente a atuação do crime e do tráfico na Capital. O objetivo é desidratar esse movimento, interrompendo os canais de logística.”, destacou o governador.
A operação é resultado de mais de um ano de trabalho de inteligência e investigação das forças de segurança do Estado. Ao todo, cinco mandados de prisão foram cumpridos, entre eles o de Leonardo Monteiro Moja, que foi preso na Praia Grande. Conhecido como Leo do Moinho, ele é um dos líderes do PCC e apontado como proprietário de hotéis e estabelecimentos no centro da capital. Os locais eram registrados em nome de laranjas e funcionavam como pontos de tráfico de drogas. Mais cinco pessoas foram presas em flagrante e outras três foram detidas para averiguação.
Deflagrada no início da manhã, a ação visa ao cumprimento de 117 mandados de busca e apreensão, sete de prisão, 46 de sequestro e bloqueio de bens e suspensão de atividade econômica de 44 prédios comerciais. Além da perda da licença, os imóveis serão lacrados pelas autoridades municipais para garantir que a atividade ilícita não volte a ser praticada no local. Entre os locais estão hotéis, hospedarias, ferro velhos, estacionamentos e comércios de celulares e outros produtos. Um efetivo de 1.359 agentes públicos, 327 viaturas, duas aeronaves e 30 cães farejadores se envolveram na operação.
As investigações mostraram também a existência de um esquema que explorava o trabalho de dependentes químicos, em regime análogo à escravidão, em ferros-velhos e empresas de reciclagem. Em troca de álcool ou drogas, essas pessoas cometiam roubos e furtos e entregavam os produtos ilícitos aos responsáveis pelos estabelecimentos.
As forças de segurança também realizaram uma grande ação na Favela do Moinho. De acordo com as investigações, o local tem sido usado como bunker do crime organizado. Uma grande quantidade de drogas foi apreendida.
Durante a mega operação na região central, foram apreendidos cerca de R$ 156 mil em dinheiro, 122 celulares, 119 computadores, HDs e UBSs, uma arma, 12 munições e dez quilos (kg) de entorpecentes em 58 locais patrulhados. As ações também incluíram a remoção de 78 veículos e 12 fiscalizações ambientais, que resultaram em uma autuação.
Ação social
O Governo de São Paulo montou uma grande rede de atendimento às pessoas que estão alocadas nos imóveis que são alvo da operação. Em parceria com a Prefeitura de São Paulo, o estado reuniu uma equipe multidisciplinar com profissionais de saúde e assistência social para atender moradores dos imóveis que foram alvo da operação. As famílias estão sendo encaminhadas para equipamentos como a Central Integrada de Atenção e Acolhimento, montado na Rua Guaianazes, 1.112, que também vai servir cerca de 200 refeições do Bom Prato e abrigar uma unidade móvel do Poupatempo para emissão de documentos e mais três mil serviços.
O Serviço Estadual de Acolhimento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, na Praça da Sé, também disponibilizou mais de 200 vagas para suporte às famílias. Todos receberão kits de higiene, cobertores e roupas organizados pelas equipes do Fundo Social de São Paulo e da Defesa Civil do Estado. A casa de passagem funcionará a partir do meio-dia e será um serviço de retaguarda e acolhimento.
Os dependentes químicos terão atendimento à disposição em equipamentos como o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas, unidades de saúde, casas terapêuticas e abrigos de passagem.
As ações, em parcerias com a Prefeitura da Capital, ocorrem por meio das secretarias de Estado de Desenvolvimento Social, Saúde, Fazenda e Planejamento, Justiça e Cidadania, Desenvolvimento Urbano e Habitação, Gestão e Governo Digital, Defesa Civil do Estado e do Fundo Social de São Paulo.