O artesanato mineiro, a tradição do Queijo Minas Artesanal e a cozinha mineira clássica e contemporânea estiveram no centro de uma ação cultural promovida pelo Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), na França.
A iniciativa, realizada em parceria com Fartura e Cemig, ocorreu na quarta-feira (19), na Embaixada do Brasil, em Paris, onde produtores das regiões do Serro, Canastra e Cerrado apresentaram queijos que vêm conquistando prêmios no país e em festivais internacionais.
O chef de cozinha Henrique Gilberto, do Grupo Viela, mostrou a versatilidade do queijo mineiro na composição de pratos originais que trazem a marca da mineiridade.
Participaram do encontro o vice-governador de Minas Gerais, Professor Mateus, o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, o presidente do Sebrae Minas e CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, os embaixadores Ricardo Neiva Tavares, atual embaixador do Brasil na França, e Paula Alves de Souza, delegada permanente do Brasil na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Brasunesco).
“É importante ver muitas famílias que costumavam trabalhar nas cidades voltando para suas fazendas, para resgatar as tradições dos seus bisavós, produzindo queijo para si e para vender”, complementou o vice-governador.
“É um trabalho que a gente já vem fazendo há um bom tempo. Já tivemos uma missão em Marrocos. Também tivemos várias etapas desse pleito que é o reconhecimento do Modo de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Isso vai trazer ainda mais visibilidade, promoção e valorização para os nossos queijos artesanais”, afirmou o diretor-presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Otávio Maia.
“Estamos trazendo os produtores de queijo para essa última etapa de defesa do pleito. Se Deus quiser, receberemos a notícia positiva do Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Humanidade”, completou.
Representando a Serra da Canastra, o gerente executivo da Associação dos Produtores de Queijo da Canastra (Aprocan) e secretário executivo da Associação Mineira do Queijo Artesanal (Amiqueijo), Higor Freitas, levou cinco queijos de diferentes produtores da região: Pedacin da Serra, Pingo do Mula, Roça da Cidade, Capela Velha e Capão Grande.
Para ele, a divulgação do Queijo Minas Artesanal e da cozinha mineira é extremamente importante para atrair pessoas interessadas nos produtos, história e tradição do estado.
“Promover nossos produtores ajuda a agregar valor aos produtos locais, a manter viva essa cultura que é passada de geração em geração. Minha expectativa é que possamos, mais uma vez, mostrar a qualidade dos nossos queijos para o mundo”, diz Higor.
Lindomar Santana dos Santos, que desde 1987 produz queijo em Sabinópolis, região do Serro, embarcou para Paris com quatro queijos na mala. Suas criações Santana, Só Toni, Canaã e Quilombo, todas já premiadas na França, chegam agora ao país não para competir, mas para encantar os paladares.
“O queijo artesanal já faz parte da cozinha mineira. Buscamos o reconhecimento do nosso saber fazer para, assim, conseguirmos levar nosso produto a todos os países”, ressaltou.
Utilizando-se do queijo e muitos outros ingredientes, o chef Henrique Gilberto, do Grupo Viela, mostrou a cozinha mineira contemporânea através de um cardápio original.
Pratos como batata baroa cremosa com ovo defumado e caldo caipira, peito de vitela com creme de alho poró e cogumelos e Gougères de queijo canastra com goiabada fizeram parte do menu, oferecido pelo Fartura, com patrocínio da Cemig, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
Patrimônio mundial
Neste ano, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal podem ser reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O pedido de candidatura, entregue em março de 2023, está sendo analisado pela Unesco, que dará o parecer definitivo na 19ª Sessão do Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, em dezembro, no Paraguai.
Com o reconhecimento da Unesco, as regiões mineiras produtoras de queijo artesanal se tornarão pontos de atenção ainda maior do público, impulsionando o turismo em níveis nacional e internacional e garantindo o desenvolvimento econômico e sociocultural dessas regiões.
Arte de todas as regiões de Minas
A diversidade e a beleza da arte popular mineira e do artesanato tradicional também foram destacadas. Dez obras de artistas de várias regiões de Minas Gerais foram selecionadas pela presidente do Serviço Social Autônomo (SSA-Servas), Christiana Renault, cuja curadoria deu enfoque nas diversas tipologias e matérias-primas do estado.
Na exposição, estão presentes a cerâmica do Vale de Jequitinhonha, as palmas barrocas de Sabará, a arte sacra em estilo barroco das cidades do Circuito do Ouro e o entalhe em madeira característico da região do Campo das Vertentes, salientando toda potência cultural das artes plásticas mineira.
O acervo é inteiramente vindo do Centro de Artesanato Mineiro (Ceart), localizado no Palácio das Artes, que integra a Secult. Além das peças para exposição, foram levadas seis queijeiras em cerâmica do Vale do Jequitinhonha, que foram presenteadas aos embaixadores.