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sexta-feira, novembro 1, 2024

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O Clube dos Onipontentes, de Ray Cunha, é um passeio revelador pelas trevas do comunismo

Quem não conhece a história está condenado a repeti-la, insistiria Edmund Burke com o povo brasileiro. Esqueça por instantes suas convicções religiosas ou filosóficas para não divagar em críticas antes de chegar aos pontos principais do livro e absorver o que é objetivamente fundamental. A trama de O CLUBE DOS ONIPOTENTES, do escritor, jornalista, acupunturista e amigo de longa data, Ray Cunha, começa com uma ocorrência policial sobre exploração de menores, com o envolvimento de importantes figuras do cenário político nacional, e envereda para uma trama macabra, com o fim de assassinar o Presidente da República.

Entre uma coisa e outra, a história nos leva a um tour histórico pelo maior flagelo da humanidade, o socialismo/comunismo, e ouso dizer que maior até que o nazismo, guardadas as proporções globais e o necessário respeito às vítimas. No entanto, mais devastador do ponto de vista da abrangência humana por seu tempo de duração e aplicação em mais de 70 nações do mundo, resultando, sempre, em genocídio, exploração, tirania e miséria.

A narrativa utiliza pseudônimos para guardar a identidade dos personagens reais, que, de certa forma, nos ajudam a fazer a correlação devida da ficção com a realidade. Navegando na esfera do espiritualismo, o livro nos traz detalhes sombrios do poder em Brasília, da guerra de bastidores para a perpetuação de privilégios e funcionamento do tal “sistema” que comandava o Brasil, promovendo a pilhagem indiscriminada do erário e levando o país quase à falência, assim como ocorre com países vizinhos (Venezuela, Argentina e agora Chile), por conta do projeto de poder sobre a América Latina, o famigerado Foro de São Paulo, com o intuito de estabelecer o sonho comunista que ruiu junto com o Muro de Berlim e a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Quase 200 anos dessa ideologia nefasta, nunca deu certo, mas alienados alucinados ainda insistem que o pesadelo vai virar um sonho. É por essa volta ao passado que a leitura se torna ainda mais instigante. Como as escolas e universidades abordam de forma romântica as revoluções socialistas na História, cria-se uma imagem fantasiosa que O CLUBE DOS ONIPOTENTES descontrói, força a visão da realidade e mostra quão devastadora pode ser essa ideologia diabólica. É diabólica porque se sustenta em mentiras.

Milhões e mais milhões de mortos por simplesmente discordar. Genocídios pela fome, repressão extrema, corrupção e pilhagem das riquezas nacionais, são a realidade dos governos de esquerda que poderão ser conferidas e analisadas em O CLUBE DOS ONIPOTENTES, desde os escritos dos pseudos pensadores de esquerda do século XIX, com todas as suas contradições e devaneios, até a propalada Revolução Russa, no início do século XX, que culminou no assassinato da família real (incluindo mulheres e crianças). Para quem desconhece a História, vale a tomada de conhecimento para não correr o risco de repeti-la. Inacreditável que em pleno século XXI ainda se cogite instalar um regime que só promove desgraça e sofrimento.

Mas O CLUBE DOS ONIPOTENTES comete uma injustiça, e tenho certeza de que é por crença do autor e não por ciência. A diferença entre inverdade e mentira é que mentira é o que a esquerda dissemina e inverdade é o que as pessoas repetem por desconhecimento da realidade. Assim, também, mentira e irrealidade são coisas distintas.

No livro, Ray Cunha aborda o programa habitacional do governador Joaquim Roriz como responsável pelo inchaço da capital do país, mas isso é mentira da esquerda, que, à época, lutava para derrubar Roriz, inverdade abraçada pela elite planopilotista e intelectuais unibestados, que proliferou nas redações e mesas de bares ocupadas por pensadores que viam, na maioria, Brasília como uma ilha cuja borda era a quadra do Beirute. Dali para a frente, era tudo Goiás.

O programa não era do Roriz, mas coisa séria já prevista no memorial descritivo da Capital, de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, com a indicação, inclusive, da área onde foram criadas as regiões administrativas da expansão urbana. O que Ray Cunha fez foi repetir a inverdade criada pela oposição (esquerda). A intervenção de Roriz acelerou o projeto de expansão, que salvou, isto mesmo, salvou a área tombada, a qualidade de vida no Plano Piloto e redondezas, e, ao contrário da narrativa, não, não inchou Brasília.

Crença versus ciência – a primeira se baseia em nada, só em narrativa de alguém, ou de alguéns, sem qualquer comprovação, dado, fato, estatística, estudo, ou seja lá o que for. É só papo de botequeiro. Bem típico da esquerda, até hoje. Mesmo que se apresentem evidências e provas físicas contrárias, o crente, invariavelmente, as ignora porque contraria sua convicção. A ciência, ao contrário, é a tomada de conhecimento da realidade por meio dos fatos, dados etc.

No caso do projeto habitacional, começou com o governador Hélio Prates lançando a pedra fundamental de Ceilândia, que depois Aimé Lamaison expandiu; José Aparecido começou Samambaia, o que Roriz tomou a decisão de acelerar a fim de evitar a favelização do centro de Brasília, coisa que Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza etc. não fizeram, e os resultados são visíveis de longe.

Todo o programa foi profundamente estudado e delineado por técnicos de carreira do governo, não por políticos. O político tomou a decisão de desencadear o processo, e sabe por quê? Só na área tombada foram listadas 64 ocupações irregulares, algumas já tomando corpo de favela, como na área próxima ao que é o Setor Noroeste. Essas favelas se espalharam por todo o Plano Piloto e, não sei se Ray Cunha se lembra, atrás do Correio Braziliense tinha uma. Havia até um boteco carinhosamente chamado de “Boldo”, onde os colegas iam consumir turbinadores de consciência.

Inchaço? Essa é outra mentira que viralizou em inverdade na boca de muita gente. Não sei se os dados do IBGE ainda estão disponíveis, mas como fiz várias reportagens à época para desconstruir a desconstrução da esquerda ao projeto, ainda lembro que no referido período dito como de inchaço ocorreu o inverso. Nos anos de explosão do programa, 1988 a 1994, ocorreu redução no fluxo migratório para Brasília. O grande volume, retirado o período da construção, ocorreu nos anos 1970.

Falei das favelas, e nem preciso abordar o volume de cortiços, barracos de fundo de quintal etc., que degradavam a qualidade de vida das pessoas nos bairros de Brasília, chamados de cidades-satélites, apesar de não haver qualquer referência ao termo em qualquer documento, desde o projeto piloto; essa é outra invenção que viralizou. Brasília sofria com grave déficit habitacional, especialmente em razão dos valores impagáveis de seus imóveis. Morar em casa própria era um sonho, realmente. O déficit habitacional resultava não de fluxo migratório, mas do crescimento orgânico da população. Poderia explicar isso mais detalhadamente, mas acho que Ray Cunha entende.

Claro que Roriz usou politicamente o programa, e qualquer outro faria o mesmo, mas é preciso que a ciência tome o lugar da crença. Não que a crença não possa se sustentar na ciência, aliás é isto o que precisa ser feito. Ocorreram, óbvio, algumas distorções, mas não no nível que a esquerda prega.

A partir de 1995, ocorreu a proliferação dos condomínios ilegais, com a bênção do PT do governador Cristovam Buarque, em área inadequada para projetos habitacionais (Vicente Pires, Colorado, Jardim Botânico etc.), e invasões absurdas que viraram bairros, como Estrutural e 26 de Setembro, que resultaram em devastação ambiental. Recentemente, o Senado aprovou novos limites para o Parque Nacional a fim de ajustar a área para a regularização da invasão 26 de Setembro.

Bem, eu estava lá, eu vi, acompanhei, entrevistei, comparei e comprovei os dados, daí minha preocupação com o restabelecimento da verdade. Ah! Sim! Os primeiros assentamentos habitacionais em Brasília foram Gama e Sobradinho, após a inauguração de Brasília, já que Núcleo Bandeirante e Taguatinga surgiram antes da inauguração.

Se não fosse Roriz, talvez, hoje, você desse de cara com uma Rocinha ao abrir a janela de seu apartamento, de manhã. É isso o que ocorre com moradores de bairros nobres no Rio.

*MARCOS MACHADO é jornalista, psicanalista e cientista, editor do portal Do Plenário 

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