Janine Brito*
Empreender em família é, além de prazeroso, um desafio. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 75% das empresas familiares têm uma expectativa de vida inferior a 25 anos. Atualmente, nós representamos 90% do mercado nacional e somos responsáveis pela produção de 65% do PIB brasileiro. Logo, manter uma empresa familiar no mercado não é uma tarefa fácil, mas são elas as locomotivas do país.
Em comparação com os demais empreendimentos, é possível dizer que os negócios familiares possuem grandes diferenciais: a começar pelo amor à história da própria marca. Inclusive, é este amor que tem feito da Pinheiro Ferragens referência em fornecimento de produtos em aço desde 1960, na capital federal.
No caso da Pinheiro Ferragens, acredito que um dos momentos mais marcantes para que a empresa se tornasse o que é hoje foi quando eu assumi, em 2010, a gestão dos negócios. Este primeiro processo sucessório foi um acontecimento que marcou a nossa história. Trouxemos toda a modernização com reformas lojas e a nova cara da marca, que deixou de ser a Ferragens Pinheiro e se tornou a Pinheiro Ferragens, “a gigante do aço”. Dessa forma, mesmo sendo um empreendimento tradicional em Brasília, a Pinheiro se tornou uma empresa mais moderna, tecnológica e que tem visão para o futuro.
Todavia, em qualquer modelo de gestão, há obstáculos a serem superados. Apesar de a família formar uma grande equipe, não se pode alcançar o sucesso se apenas a questão consanguínea for considerada como fator de seleção. No nosso caso, o mérito sempre foi preponderante, além do preparo para que os familiares atendessem aos interesses do negócio. A disposição em concentrar todos os esforços no objetivo comum e a capacitação dos membros familiares que integram o time empresarial são essenciais para a longevidade do empreendimento. O aspecto mais importante para uma sucessão familiar bem sucedida, no meu entender, é o respeito à hierarquia, que é imprescindível em qualquer modelo de gestão.
Por fim, acredito que os membros que pretendem integrar o quadro societário ou mesmo a equipe de trabalho de uma empresa familiar precisam ter a consciência de que é necessário adotar posturas comerciais a fim de que seja mantida a proposta de trabalharem em prol de um resultado. Quando isso se perde, começam os grandes problemas relacionados à convivência familiar dentro do ambiente de trabalho.
O apelo sentimental é muito comum nas empresas familiares para onde, muitas vezes, são levados conflitos interpessoais de maneira a trazer prejuízos para dentro do ambiente organizacional. Portanto, é imprescindível que saibamos diferenciar as relações familiares das relações comerciais, respeitando sempre as hierarquias e as obrigações de cada um dentro da empresa. Dessa forma, é mais fácil alcançar a longevidade nas empresas familiares.
* CEO do Grupo Pinheiro de Brito e da Pinheiro Ferragens e presidente do LIDE Mulher Brasília.
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