A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo a expectativa da alta das vendas, em 2023, de 1,8% para 1,4%.
Após recuar 0,1% em abril, o volume de vendas no comércio varejista brasileiro caiu 1% em maio, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada em 14 de julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a atual política de manutenção dos juros em um patamar alto, aliada ao crédito caro e seletivo, dificultou o desempenho do varejo.
Em relação ao início da pandemia, as vendas no varejo apresentam crescimento de 2,7%. “Isso revela uma tendência suave de recuperação perante o período mais agudo da redução da atividade econômica, que foi no primeiro semestre de 2020”, explica o economista da CNC responsável pela análise, Fabio Bentes.
Mesmo com o recuo no índice geral de preços – a alta do IPCA acumulado em 12 meses cedeu de 11,73% para 3,94% entre maio de 2022 e o mesmo mês deste ano –, o economista Fabio Bentes destaca que é evidente o peso do aperto monetário sobre o desempenho do varejo brasileiro. Em maio, o segmento de venda de artigos de uso pessoal e doméstico caiu 13,1%; o de tecidos, vestuário e calçados reduziu 10,1%; e o de móveis e eletrodomésticos teve queda de 3,3%. Mesmo as atividades no varejo ampliado, como venda de materiais de construção e comércio automotivo, fecharam os últimos 12 meses no vermelho, com quedas de 7,8% e 1,4%, respectivamente.
O economista Fabio Bentes pontua que o cenário pouco propício ao ganho de tração das vendas tem outro componente significativo: o elevado grau de comprometimento da renda das famílias com endividamento. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela CNC, apontava que 78,3% das famílias estavam endividadas em maio, com 29,7% da renda comprometida com dívidas.