Num livro escrito em parceria com o cardeal Robert Sarah, Bento XVI defende que o celibato sacerdotal “tem grande significado”. As declarações surgem no momento em que o papa Francisco avalia um pedido para que, na Amazônia, homens casados possam ser padres.
Bento XVI escreve, na obra Das profundezas dos nossos corações, que a tradição secular dentro da Igreja é essencial para que os padres se concentrem nos seus deveres. “É indispensável para que o caminho na direção de Deus permaneça o fundamento da nossa vida”. Para o papa emérito, não é “possível realizar as duas vocações (sacerdócio e o casamento) ao mesmo tempo”.
Em outubro, vários bispos católicos se reuniram para discutir o futuro da Igreja na Amazônia. Ao fim da reunião, foi lançado um documento onde estavam detalhados vários problemas que afetam a Igreja. Os bispos sul-americanos sugeriram que, em algumas partes da Amazônia, alguns homens mais velhos e casados poderiam ser ordenados padres, defendendo que isso seria um esforço para combater a escassez de sacerdotes na região.
Foi também pedido ao Vaticano que reabra o debate sobre a ordenação de mulheres como diáconos, alegando que “é urgente que a Igreja promova e confira na Amazônia ministérios para homens e mulheres de maneira equitativa”, cita a agência Associated Press.
No mesmo livro, Bento XVI e Robert Sarah defendem que “é urgente, necessário, que todos, bispos, sacerdotes e leigos, redescubram um olhar de fé na Igreja e no celibato sacerdotal que protege o seu mistério”. Além disso, citando Santo Agostinho, ambos afirmam: “Non possum silere (Não posso ficar calado)!”.
Todas as propostas foram colocadas em documento, aprovado no final de um sínodo de três semanas sobre a Amazônia, convocado pelo papa Francisco em 2017, com o objetivo de alertar para as ameaças à floresta tropical e melhorar o sacerdócio junto aos povos indígenas.
O papa Francisco tem sido advertido de que qualquer abertura papal a sacerdotes casados ou mulheres diáconos pode levar a Igreja à ruína, culpando a organização do sínodo e o próprio papa de heresia, uma vez que consideram o celibato sacerdotal obrigatório.
(ABr/EBC)