A transição do Império para a República no Brasil, embora almejasse profundas mudanças sociopolíticas, acabou por perpetuar as estruturas de poder existentes, frustrando as expectativas de maior democratização e justiça social. A conclusão está no estudo do pós-PhD em neurociências licenciado em História e tecnólogo em Antropologia, Fabiano de Abreu Agrela, e conduzido no CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, onde a Proclamação da República no Brasil é examinada sob uma luz crítica. O artigo, foi publicado na Cognitionis Scientific Journal.
O estudo destaca que o golpe militar de 1889, motivado por insatisfações com a centralização do poder e a abolição da escravatura, culminou na queda da monarquia e na instauração da República. No entanto, apesar das promessas de um novo regime mais democrático e inclusivo, a realidade se mostrou bem diferente. A República nascente, dominada por elites oligárquicas, manteve a exclusão da maioria da população das decisões políticas, perpetuando um sistema de concentração de poder e desigualdades sociais.
A pesquisa de Fabiano de Abreu Agrela ressalta que as reformas implementadas, como a introdução do federalismo, foram superficiais e não resultaram em avanços significativos nos direitos civis e políticos da população. Essa falta de transformação estrutural gerou uma série de revoltas e conflitos sociais, evidenciando a insatisfação popular com a nova ordem republicana.
O estudo aponta que a mudança de regime teve impacto limitado no cenário internacional. O Brasil continuou a ser visto como um país periférico, dependente de suas relações comerciais, especialmente com a Inglaterra. A visão externa do país como politicamente instável e marcado por desigualdades persistiu, refletindo a ausência de reformas profundas que pudessem alterar essa percepção.
O artigo do doutor Fabiano conclui que a “Proclamação da República” no Brasil representou uma oportunidade perdida de transformação social e política. A manutenção do poder nas mãos de uma elite oligárquica e a perpetuação das desigualdades sociais demonstram que a República, em seus primórdios, serviu mais aos interesses de poucos do que ao bem-estar da maioria da população. O estudo serve como um lembrete de que mudanças políticas, para serem efetivas, devem ser acompanhadas por reformas sociais e econômicas que beneficiem toda a sociedade.
link do estudo: https://doi.org/10.38087/2595.