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sexta-feira, novembro 1, 2024

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Parlamentares defendem acusado de participar de manifestações democráticas

Na tarde dessa terça-feira (3), a CPMI do 8 de Janeiro realizou a segunda parte da oitiva do empresário Argino Bedin. O depoente, no entanto, preferiu ficar em silêncio, amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF). Pela manhã, Bedin adotou o mesmo procedimento.

A relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), associou a testemunha ao envio de caminhões a Brasília, assim como ao financiamento do que ela considera movimentos antidemocráticos, apesar de serem constitucionalmente previstos e amplamente utilizados por movimentos de esquerda, quando são considerados manifestações democráticas.

No período vespertino, a reunião foi marcada pela defesa de Argino Bedin por parlamentares da oposição. Para o senador Magno Malta (PL-ES), o empresário é um homem que gera honra e emprego. Ao responder ao senador, Bedin negou que tenha uma lista de pessoas a quem tenha financiado. Malta voltou a criticar o presidente Lula, a esquerda, os sindicatos e o STF. De acordo com o senador Eduardo Girão (Novo-CE), a CPMI tem servido de palco para a hipocrisia. Ele afirmou que o governo foi omisso de forma flagrante nos atos de 8 de janeiro e definiu o empresário Bedin como “uma pessoa dedicada”.

Na mesma linha, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) afirmou que o governo federal foi omisso diante dos protestos do dia 8. Ele anunciou que vai fazer um relatório separado, defendeu controle externo para as urnas e se disse triste com a convocação de pessoas como o empresário Bedin, que gera renda e emprego. Na opinião da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), Bedin foi constrangido por provocações na comissão. Ela alegou que o empresário apenas defendia a propriedade, a família e a proteção da vida, “assim como metade da população”.

— O senhor é amado pela maioria desse país. O senhor não vai sair daqui menor do que entrou. Deus te abençoe — afirmou a senadora.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) falou que sentiu nojo da esquerda pelo tratamento dado ao empresário Argino Bedin, a quem chamou de “homem honrado”. Ele ainda adjetivou parlamentares de esquerda com palavra de baixo calão e Lula, a quem chamou de “bandido”. O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), solicitou que as expressões usadas pelo deputado Nikolas não fossem registradas nos documentos oficiais da comissão.

Para o deputado Abílio Brunini (PL-MT), não há motivo para a convocação de Bedin. Ao elogiar o município de Sorriso (MT), de residência do empresário, o deputado afirmou que muitas pessoas deixam o Maranhão para fugir da pobreza em direção ao Mato Grosso. Segundo Brunini, o Maranhão é recordista em restaurantes populares. Ele lamentou o fato de os parlamentares de esquerda “zé ruelas, puxa-saco do Lula e paus mandados do Dino” fazerem perguntas para o empresário.

— Fique tranquilo, dê um sorriso. O senhor não fez nada de errado. Ajudar na manifestação não é crime — argumentou Brunini.

 Relatório

O deputado Rodrigo Valadares (União-SE) pediu que a senadora Eliziane não afronte os princípios mais basilares que estão na Bíblia ao aprontar seu relatório, pois “a verdade deve prevalecer sobre a mentira”. Ele ainda parabenizou o empresário Bedin por ser um “patriota honrado”.

O deputado Marco Feliciano (PL-SP) definiu Bedin como um trabalhador e pediu desculpas ao depoente pelas críticas de “integrantes de ‘partidecos’” na CPMI. Ele argumentou que o empresário apenas quer deixar para os filhos e para os netos um país melhor. Para o deputado, a esquerda é “maldita e um câncer em estado de metástase”, que “tem tara por golpe”. Feliciano ainda apelou “à cristandade” de Eliziane para que a senadora respeite os cidadãos “injustiçados na CPMI” na hora de fazer seu relatório.

 “Dissonância cognitiva”

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) destacou a trajetória da família do empresário no Mato Grosso e apontou que Bedin não se tornou rico “nos últimos quatro anos”. Ela disse que o depoente foi “enredado” por muitas mentiras promovidas pelo governo Bolsonaro. Para a senadora, o empresário e outros chamados patriotas precisam acordar “dessa dissonância cognitiva coletiva”.

Para Soraya, muitos parlamentares têm sua parcela de culpa nos atos antidemocráticos. Um dos poucos momentos em que Bedin deixou o silêncio, foi para responder à senadora. Ela perguntou se ele se sentia pressionado na comissão, e ele respondeu que não. A senadora ainda questionou se ele se considerava inocente.

— Com certeza — respondeu o empresário.

Fonte: Agência Senado

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