*Rosalvi Monteagudo
A doutrina econômica da cooperação é uma reação ao domínio da doutrina econômica neoliberal, que, apesar de ser favorável à formação de associações profissionais de defesa, ela o faz num sentido individualista e de uma minoria, o de interesse da classe empresarial, oligopolizada e corporativa.
O assistencialismo e a solidariedade individual do neoliberalismo é que vigoram no globo, sem solucionar os problemas humanos, mas mitigando-os momentaneamente. Já na economia solidária a solução advirá da geração de trabalho, do desenvolvimento social, educação, informação, treinamento, quinto princípio cooperativista, através da descentralização do valor do know-how em beneficio da humanidade.
No neocooperativismo, ou seja, na doutrina econômica da cooperação, o valor será pela união de força da informação advinda do ser, ou melhor, do cooperador/dono, de baixo para cima. Estes formarão os valores sociais, que são a coesão das ideias homogêneas, para conduzir ao desenvolvimento, cuja ação provoca uma reação humana, que é da autonomia do eu, pela força de pensar em progresso.
No neoliberalismo a informação, a pesquisa e o desenvolvimento são usados para manipular e desequilibrar o social e o mercado interno, através da penetração do produto pelo controle da ciência e da tecnologia, que escraviza o social pela falta de formação de seus recursos humanos. Além de gerar as corporações e as fortalecer, desestruturando o mercado interno pelo desemprego, déficits comerciais e desequilíbrio interno criando os mercados emergentes e desintegrando o social por gerar o desenvolvimento no país de origem do controle do know-how.
No neocooperativismo, esta é sua maior força, pois pela organização da informação de baixo para cima, treina, informa e educa, suporte do quinto princípio cooperativista, de acordo com as necessidades. A ciência deve atender ao anseio de seu povo, desenvolver e gerar trabalhos. A educação na cooperação é para que possam pôr em prática seus princípios cooperativistas. A informação é para o seu desenvolvimento formal e informal e o treinamento é para a manifestação em todos os aspectos profissionais para utilidades em seu local de trabalho.
Nesta doutrina econômica da cooperação os aspectos sociais são relevantes para suas organizações e estes precisam da educação na cooperação uma vez que o conhecimento desta é que cria o desenvolvimento na organização social, pois não há cooperação econômica sem organização social.
O neocooperativismo organiza o capital do País, através da organização do mercado social, ou melhor, do mercado da informação do cooperador/dono de baixo para cima, gerando trabalho em cooperação econômica enquanto a neoliberal se organiza de cima para baixo a afim de ter maior lucro e acumulo de riqueza, numa ditadura do capital.
O lucro e/ou sobra vem do meio de produção capitalista com medidas de contensão do custo, como fornecedores e matéria prima mais barata, lucro no trabalho das empresas privadas e executado pelo proletariado, numa mais valia. No neocooperativismo elimina-se o intermediário, a matéria prima passa a gerar pesquisa para exportar o know-how, a iempresa que se organiza pela mão de obra, ou melhor, pela valia passa a distribuir renda e o custo é compartilhado em equidade entre todos os cooperadores/donos. O intermediário era meio de gerar sobras e/ou lucro e controlava a inflação. Esta passou para a moeda e as sobras e/ou lucros passou a vir do dumping comercial que antecipa o jogo do mercado, através de um justo preço.
Enquanto o lucro e o acumulo da riqueza no neoliberalismo é seu principal objetivo a fim de obter riquezas numa solidariedade individual, no neocooperatismo o lucro e/ou sobra é compartilhado entre todos os cooperadores/donos para distribuir renda em sua empresa social que vai organizar o capital dos cooperadores/donos que é proporcional ao desenvolvimento social qualificado pelo controle de qualidade na produção, no serviço e no trabalho.
O total do retorno da iempresa é distribuído da seguinte forma:-30% para o investimento na iempresa e 70% para a distribuição de renda entre os cooperadores/donos, de acordo com o controle de qualidade obtido.
** Rosalvi Monteagudo é contista, pesquisadora, professora, bibliotecária, assistente agropecuária, funcionária pública aposentada e articulista na internet. Mestre em Cooperativismo pelo CEDOPE/UNISINOS (São Leopoldo, RS) e autodidata, lê e estuda sobre Economia e o forte papel que exerce no social.