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sábado, maio 4, 2024

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Meu querido diário

Ray Cunha

A tarde morre, suave como a noite. Acabei de ouvir Trini Lopez, Amira Willighagen e Angelina Jordan; Mozart também. A tarde morre boa para um bate-papo, mas não há ninguém com quem conversar. Meus amigos estão longe. Depois que me declarei conservador, houve até quem me demitisse por e-mail. Às vezes, visito Jorge Bessa, escritor, acupunturista, espião em Moscou e chefe da contraespionagem brasileira durante a Guerra Fria. Preciso devolver-lhe o Imperador Amarelo.

Comecei a ler, novamente, a série Millennium. Os três primeiros volumes – Os homens que não amavam as mulheresA menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar – são de Stieg Larsson e os três últimos – A garota na teia de aranhaO homem que buscava sua sombra e A garota marcada para morrer –, de David Lagercrantz, também sueco. Já venderam mais de 150 milhões de exemplares.

Considero o trabalho de Larsson o protótipo do romance hodierno. Larsson entregou os originais dos três primeiros volumes, de mais de 500 páginas cada um, ao editor, logo depois da virada do século, e morreu a seguir, bastante jovem ainda. O sucesso foi imediato. Aí, convidaram Lagercrantz, conhecido na Suécia, a escrever mais alguns volumes com as personagens criadas por Larsson. Lagercrantz topou e no terceiro volume deu por encerrada a série.

Comprei, hoje, Catástrofe – 1914: A Europa vai à Guerra, de Max Hastings. Creio que irá me esclarecer mais sobre o nascedouro do comunismo, pois a dinastia Romanov começou a cair no início da Primeira Guerra Mundial. Meu romance O CLUBE DOS ONIPOTENTES se debruça um pouco sobre esse episódio. Estou lendo amplamente, também, sobre a história do Brasil, já que trabalho, atualmente, em um romance que tem como pano de fundo a construção da personalidade do nosso país.

Enquanto isso, aguardo a fotografia que o pintor Olivar Cunha me enviará. Ele está pintando uma cafuza ruiva, de olhos verdes e lábios grandes e vermelhos, tomando tacacá, e me enviará a foto para a capa do meu romance JAMBU.

Minha rotina tem sido levantar-me às 3 horas (disse isso para uma paciente minha e ela me olhou como se estivesse diante do sujeito mais louco que já vira). Preparo um blend de arábica e tapioquinha; depois de tomar café, escrevo até às 8 horas. Então vou caminhar no Parque da Cidade, dou uma parada no shopping Venâncio para ir ao banheiro e outra parada no sebo do Ed, que tem sempre novidade. Dei para o Ed o encalhe do meu livro TRÓPICO ÚMIDO – TRÊS CONTOS AMAZÔNICOS, e ele vem vendendo maravilhosamente.

À tarde, leio, durmo e rezo. À noite, leio. Às vezes, vejo um filme na Netflix. Ou vou ao cinema. Ontem, fui ver Predestinado, sobre Zé Arigó, que foi um médium extraordinário. Fui com minha gata e milha filha. Comemos pipoca e bebemos CocaCola. É raro eu tomar CocaCola, mas, às vezes, tomo.

Outro dia encontrei um amigo, jornalista, na sala de espera de uma clínica. Conversamos sobre a pandemia e as mudanças no jornalismo. Lembro-me que até os anos 1990, os jornais tinham a paginação, um departamento com dezenas de paginadores, indispensáveis para o jornal seguir para a impressora. Da noite para o dia essa etapa desapareceu, com a informática. Os paginadores tiveram que fazer alguma outra coisa para sobreviver.

A partir das redes sociais, o jornalismo também desapareceu. Todos, agora, somos jornalistas, no sentido de transmitirmos informações em tempo real. O leitor tem apenas, como sempre, de ter senso crítico. E é esse tipo de jornalismo que arrasou com as quadrilhas dos políticos bandidos, cada vez mais acuados.

Isso me fez lembrar, lá atrás, uma colega lamentando que o Supremo Tribunal Federal (STF) houvesse cassado o diploma de jornalista. Eu procurei fazê-la ver que, em qualquer profissão, o diploma é tão-somente um credenciamento. Não quer dizer que a pessoa seja, de fato, um profissional preparado. Vejam o caso da âncora da CNN brasileira, que afirmou, no ar, que na Bandeira Brasileira está escrito “independência ou morte” e que o Chile fica na Europa. Se não foi exatamente isso, foi uma barbaridade ainda pior. Porém não é nada perante o Jornal Nacional. Este, dá engulho.

Assim, a internet promoveu a maior revolução moderna. A próximo grande revolução não será política nem tecnológica, mas espiritual. Os ETs já estão entre nós. Aliás, sempre estiveram. Ou melhor, somos todos nós.

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