O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que a Operação Lava Jato tem passado por algumas dificuldades, especialmente com a Vaza Jato – vazamento de supostas mensagens de integrantes da operação. “Nós temos uma compreensão do grande valor que têm os colegas da Lava Jato, a importância do resultado da operação, mas nós entendemos que pequenos desvios, pequenos excessos, podem ser e devem ser corrigidos e haverão de ser corrigidos conosco à frente da Procuradoria Geral da República”, diz.
Augusto Aras fez a declaração em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, no Poder em Foco, que foi ao ar nesse domingo (27), no SBT, logo após o programa Silvio Santos. Ele ressaltou porém que, no seu entendimento, a Vaza Jato não derruba as condenações já efetuadas. “Não tem um condão de invalidar a verdade dos fatos já apurados e por isso não teria a força para desconstituir os julgados até aqui proferidos”.
Augusto Aras negou ter convidado o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallangnol, para chefiar uma força-tarefa de combate ao narcotráfico. “90% do que dizem que eu disse não corresponde à verdade”, mas, avaliou que Dallangnol tem experiência e competência e que “se eventualmente responder a um inquérito, ser punido, ou não, não quer dizer que não possa continuar contribuindo no combate à macrocriminalidade”.
O procurador-geral da República também falou do julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a prisão após condenação em segunda instância. Defendeu que a norma atual seja mantida. Porém, mesmo se for revista, condenados de alta periculosidade, que cometeram crimes hediondos, devem continuar presos. A respeito dos presos da Lava Jato afirmou: “os crimes financeiros, lavagem de dinheiro, os crimes contra ordem econômica são os mais graves do ponto de vista coletivo (…) são aqueles que lesam a educação, a saúde, lesam coletivamente o país, a nação, o povo brasileiro”.
Na entrevista, Aras abordou vários outros temas. Disse que solicitou ao STF informações sobre o inquérito das Fake News e que, sem a participação do Ministério Público, “estaremos com um grande problema constitucional”. Também aproveitou para anunciar que vai disponibilizar mais um assessor para o gabinete de cada subprocurador. A medida é para agilizar a análise de processos e não vai gerar custos adicionais, porque os servidores serão apenas remanejados.