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sexta-feira, abril 11, 2025

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Propaganda eleitoral irregular se identifica como ‘notícia’

Marcos Machado

Vivemos tempos de descaramento absoluto. Se antes a propaganda política era um fenômeno que, ao menos, buscava manter as aparências da legalidade, hoje a dissimulação foi abandonada em favor de um triunfalismo desavergonhado. Basta uma rápida e crítica olhada nas páginas das agências de “notícias” de Brasília e do Brasil para atestar isso. Há duas que são as mais escrachadas. Tais agências deveriam se ater aos interesses de Estado, mas se tornaram aparelhos de governo em permanente campanha eleitoral.

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A transformação das agências de notícias governamentais em meros porta-vozes do regime não se trata de uma hipótese conspiratória, mas de uma constatação irrefutável. O Estado, financiado com o dinheiro suado do contribuinte, tornou-se máquina publicitária a serviço de quem está no poder. O pretexto de informar a população cedeu espaço à manipulação descarada da realidade. Como dizia George Orwell, “quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado”.

A desculpa de que se trata de “realização de governo” é um insulto à inteligência de qualquer sujeito minimamente letrado. Desde quando enaltecer um governante por fazer aquilo que já lhe cabe por obrigação pode ser considerado informação de interesse público? É o mesmo que elogiar um peixe por saber nadar. Além de ser imoral, teoricamente ilegal, é concorrência desleal, com a utilização de dinheiro público.

 a sociedade se acostumou à bandalheira institucionalizada

O que torna tudo isso ainda mais asqueroso é a manipulação pura e simples dos fatos. Aquilo que deveria ser objeto de crítica severa é apresentado sob uma roupagem de grande triunfo. O caos se transforma em progresso, o fracasso vira sucesso e a incompetência é rebatizada de visão estratégica.

Quem paga por tudo isso? O contribuinte, claro. É ele quem financia não apenas o fundo eleitoral — aquele mesmo que expropria do pobre para financiar os luxos da classe política —, mas também toda essa engrenagem de distorção midiática. Como se já não bastasse o fato de sermos obrigados a sustentar essa classe parasitária, ainda temos de ser doutrinados para aceitá-la de bom grado.

Os órgãos fiscalizadores, por sua vez, oscilam entre a conivência e a inércia. Alguns de seus membros são fruto de nomeação política, logo, não se espera que mordam a mão que os alimenta. Outros, por serem servidores concursados, deveriam agir de forma isenta, mas em vez disso se preocupam mais com discussões teóricas sobre o “etnocídio da tribo Krenak” durante os governos militares. Não que tal discussão não tenha seu lugar, mas a prioridade deveria ser, antes de tudo, a fiscalização do uso dos recursos públicos no presente.

O fato é que a sociedade se acostumou à bandalheira institucionalizada. Nossos “formadores de opinião” abandonaram qualquer resquício de compromisso com a verdade e se converteram em meros repetidores das narrativas do poder. A verdade, como nos ensinou Dostoiévski, é que “se Deus não existe, tudo é permitido” e sem uma cultura que valorize a verdade e a moralidade, qualquer atrocidade pode ser travestida de virtude.

Diante desse cenário, resta apenas a resistência de quem ainda tem vergonha na cara. Pois, como bem disse Olavo de Carvalho, “a estupidez está na moda e quem se opõe a ela é chamado de louco”. O que nos resta, se não a loucura da lucidez?

Jornalista profissional diplomado, editor do portal Do Plenário, escritor, psicanalista, analista sensorial, adesguiano, consultor de conjunturas e cidadão brasileiro protegido (ou não) pela Constituição Brasileira

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