Rosalvi Monteagudo
O relatório do índice de desenvolvimento humano (IDH) da ONU destaca a queda do Brasil no ranking da posição de 78 em 2017 para a de 79 em 2018, tendo como principal causa a desigualdade de renda; este é um dos fatores mais influentes para a desestabilização.
Alguns acham que na desigualdade social a distribuição de renda seria a solução, mas renda precisa ser gerada como consequência do trabalho. O que faz a renda aumentar é a produtividade e não a doação do mais rico para o mais pobre. Os mais produtivos não devem ser prejudicados e os menos produtivos recompensados, isso não é distribuir renda.
A desigualdade é consequência da má administração da distribuição de renda. As desordens sociais estão em alta no mundo, com a crescente desigualdade social e econômica, demonstra o índice da Organização Internacional do Trabalho, tendo como base os protestos e as greves.
Em relatório sobre emprego e questões sociais que apresentou na abertura do Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça, para a OIT, a desigualdade vem também da remuneração do trabalhador que tem sido baixa, através das desigualdades profissionais que tem prejudicado a sobrevida do trabalhador.
Algumas das causas da desigualdade social:-
”- Má distribuição de renda e concentração do poder;
– Má administração dos recursos- principalmente público;
– Lógica de mercado do sistema capitalista- quanto mais lucros para as empresas e os donos da empresa, melhor;
– Falta de investimento nas áreas sociais, em cultura, em assistência à população carente, saúde , educação;
– Falta de oportunidades de trabalho.”
No Brasil a política econômica visa concentrar a renda na classe rica para elevar o investimento e aumentar a produção para depois repartir. Isso cria a desigualdade, pois este critério não deu certo. Este é um dos problemas cruciais no globo.
A desigualdade é resultado de políticas errôneas. O atual governo ainda não apresentou um projeto para a redução da renda. Precisa fazer um aporte para a educação desde a infância. A exploração do pobre pelo rico precisa mudar, pois isso cria uma lacuna. A educação é uma forma de reduzir a pobreza e a desigualdade social.
Se o País tivesse uma política justa não seria necessário criar o “Bolsa Família”, mas oferecer um bom salário e investimento em educação, saúde e laser. Entretanto procura-se fazer uma reformulação no “Bolsa Familia” e mudança do nome, que prevê aumentar a renda de 10 milhões de beneficiários, como forma de administração dos recursos públicos.
A redução da pobreza pode ser também, pela valorização do salário mínimo e transferência de renda. Um exemplo de desigualdade é citado por Pedro Ferreira de Souza em seu livro “Uma história de desigualdade , A concentração de renda entre os ricos no Brasil 1926-1013” no imposto o rendimento isento ou tributado com alíquota menor na fonte provocam a concentração de renda , também o aumento do funcionalismo público, boom do mercado imobiliário, crescimento do mercado acionário e até as políticas que privilegiam empresas específicas e diminuem o grau de competição em alguns setores.”
A desigualdade social é presente no mundo, apesar de que em alguns países são maiores, motivo pelo qual a economia solidária é um movimento global. A economia solidária, novas regras pode ajudar nesta desigualdade social, pela geração de trabalho, distribuição de renda e educação. Cria uma empresa virtual, a iempresa, para aplicar as novas regras dos princípios cooperativistas que organiza o capital particular do cooperador/dono e pelo trabalho distribui a renda, de acordo com o valor obtido na avaliação da produção final.
A iempresa, gera trabalho e se organiza pelo know-how que passa a desenvolver o cooperador/dono, que pelo treinamento, educação e informação, quinto princípio cooperativista, revisto, enquanto, a distribuição de renda é baseada no justo preço da produção, serviço e/ou produto. Na iempresa a educação é obrigatória ao entrar no sistema cooperativo e organiza a geração de trabalho e a partir deste distribui a renda de acordo com o justo preço da produção.
A distribuição de renda injusta é um dos fatores da desigualdade social. O FMI muda o modo de pensar e agir e propõe subir o imposto aos mais ricos para reduzir a desigualdade de renda e de riqueza, pode ser um dos critérios mas não resolve o problema da educação e saúde.
*Rosalvi Monteagudo é contista, pesquisadora, professora, bibliotecária, assistente agropecuária, funcionária pública aposentada e articulista na internet.
Mestre em Cooperativismo pelo CEDOPE/UNISINOS (São Leopoldo, RS) e autodidata, lê e estuda sobre Economia e o forte papel que exerce no social.